"O fermento do Evangelho. A Presença da Santa Sé na vida dos povos": livro do cardeal
Sodano, apresentado no Vaticano, quase na conclusão do seu mandato de Secretário de
Estado
A poucos dias de deixar o cargo de Secretário de Estado do Vaticano, (no próximo dia
15, substituído pelo cardeal Bertone, arcebispo de Génova), o Cardeal Angelo Sodano
fornecea um resumo da sua visão sobre “a presença da Santa Sé na vida dos povos” com
o livro “O Fermento do Evangelho”, apresentado nesta quinta de manhã na Sala de Imprensa
do Vaticano. A obra constitui uma compilação de doze intervenções de carácter diplomático
e eclesial do Cardeal Sodano, que inclui também algumas notas de memórias pessoais
e reflexões teológicas e espirituais. Os 12 discursos abrangem um amplo arco de tempo,
desde os finais da Guerra Fria ao crescimento do terrorismo internacional. Emerge
a centralidade da pessoa humana, como “princípio inspirador da acção diplomática da
Santa Sé”. Intervieram na apresentação da obra D. Gabriel Giordano Caccia, assessor
da secção para os assuntos gerais da Secretaria de Estado, e D. Pietro Parolin, subsecretário
para as relações com os Estados da mesma Secretaria. Este último sublinhou “o robusto
realismo cristão” do Cardeal Sodano, Respondendo aos jornalistas. D. Parolin afirmou
que esta acção foi “reforçada” nos últimos tempos. Por outro lado. D. Gabriel Caccia
frisou que a força da diplomacia vaticana está em nunca procurar “o interesse de um
só povo”, mas de toda a humanidade. O Cardeal Sodano teve uma longa carreira diplomática
ao serviço da Santa Sé, passando pelo Equador, Uruguai e Chile antes de chegar àquela
que hoje é a Secretaria de Estado, como membro da Missão da Santa Sé junto dos Governos
da Roménia, Hungria e RFA. Após a reforma da Cúria Romana, com João Paulo II, foi
secretário do Vaticano para as relações com os Estados, dando particular atenção à
Comissão Pontifícia para a Rússia, da qual foi presidente. Tornou-se Secretario de
Estado do Vaticano a 29 de Junho de 1991. Após a eleição de Bento XVI foi reconfirmado
no cargo e é hoje o Decano do Colégio dos Cardeais. O subsecretário do Vaticano
para as Relações com os Estados assegurou ainda que a mudança de liderança, com o
Cardeal Tarcisio Bertone, não significa alteração no “estilo da presença da Santa
Sé, a nível diplomático”.