2006-09-07 18:14:30

CARDEAL GLEMP: JOÃO PAULO II ERA ESPIONADO INCLUSIVE NO VATICANO


Varsóvia, 06 set (RV) - O Papa Wojtyla era "espionado e como...", até mesmo "no Vaticano havia espiões". "Moscou, de fato, tinha muito interesse em saber aquilo que se passava em Roma com um papa polonês na cátedra de Pedro": foi o que disse, numa entrevista à agência de notícias ANSA, o cardeal-primaz da Polônia, Jozef Glemp, arcebispo de Varsóvia, recordando as restrições e o controle exercidos pelo regime comunista sobre os padres.

"Vida dura" _ sublinha o cardeal. "Ninguém escapava ao controle, cada padre na Polônia era fichado, como eu também fui; nos escritórios do serviço secreto havia dossiers sobre cada um de nós. Cada religioso, cada pároco, cada seminarista era objeto de cuidados... e essa palavra é um eufemismo." ''Infelizmente _ acrescenta o cardeal _ nesse clima, havia sacerdotes colaboracionistas (...). Calcula-se que, na Polônia, 15% dos clero mantinha relações com o serviço secreto, ao qual fornecia informações. A maior parte do clero (85%) no entanto, resistiu."

"A documentação recolhida pela polícia secreta sobre os padres poloneses _ diz ainda o Cardeal Glemp _ foi enorme. Milhares e milhares de documentos. Se colocássemos em fila todos esses dossiers, poderíamos cobrir uma distância de vários quilômetros."

O cardeal considera como "um grave problema" o que está emergindo hoje, com a abertura dos arquivos e a descoberta de tantos padres espiões.

"Esse fenômeno preocupa demais a Igreja e surge como um escândalo na Polônia. Dois sacerdotes aparecem como os maiores envolvidos nessa prática de espionagem: Pe. Michal Czajkowski, intelectual ligado ao sindicato "Solidariedade", que admitiu ter colaborado com o serviço secreto polonês, por 24 anos. E o dominicano, Pe. Konrad Heimo, que sempre se ocupou, em Roma, de acolher os peregrinos poloneses que iam às audiências com João Paulo II" _ diz o Cardeal Glemp, confirmando que "as provas estão nos documentos e nas cartas publicadas no ano passado"

"Pessoalmente _ sublinha _ estou convencido de que Pe. Heimo prestava informações, fazia relatórios". O purpurado se mostra muito crítico frente a essa tendência de querer "condenar esta ou aquela categoria, os médicos, os jornalistas ou os padres, esquecendo que se vivia num período muito difícil".

A Igreja na Polônia tomou uma posição frente a esses padres espiões, convidando os responsáveis ao arrependimento e a uma expiação pública, por meio de um ''Memorando sobre a colaboração de alguns sacerdotes com os órgãos de segurança da Polônia nos anos 1944-1989", publicado no dia 25 de agosto passado.

O Cardeal Glemp faz votos de que esse capítulo possa ser superado e o processo de verificação, completado. (MZ)







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