Angola: taxa de mortalidade infantil alarmante e dificil de explicar. Relatório dos
"Médicos sem fronteiras"
A taxa de mortalidade infantil em Angola "é quase três vezes mais alta do que os níveis
registados nos países em desenvolvimento", alertou a organização não-governamental
Médicos sem Fronteiras. Um estudo realizado pela MSF entre Janeiro e Abril deste
ano na província de Lunda Norte mostra que a taxa de mortalidade entre os menores
de cinco anos de idade é de 2,8 mortos por dia para cada dez mil crianças. A malária
é responsável por mais de metade destas mortes. "É alarmante. A falta de cuidados
médicos em locais como Xa-Muteba [onde se centrou o estudo, na província de Lunda
Norte] é difícil de explicar para um país em paz que tem tantos recursos", acusou
Hernan Del Valle em conferência de imprensa, em Joanesburgo. A MSF constatou "poucas
melhorias" desde o final da guerra civil em Angola em termos de assistência médica.
"No terreno, não víamos medicamentos a chegar, não víamos pessoal de saúde a chegar",
lamentou Hernan Del Valle. Durante o conflito morreram mais de 500 mil pessoas
e várias doenças tornaram-se endémicas no país africano, como a malária e a cólera. Angola
é o segundo maior produtor de petróleo na África subsariana, só suplantada pela Nigéria.