Novo Secretário de Estado do Vaticano, admite em entrevista a um diário italiano,
uma reforma da Cúria Romana para a tornar mais ágil.
O próximo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, admitiu que
Bento XVI possa proceder a uma reforma na Cúria Romana, de forma a torná-la mais ágil.
Até hoje foram feitas duas reformas da Cúria, uma imediatamente após o Concílio Vaticano
II, por Paulo VI, e outra por João Paulo II.
"Depois de quase duas décadas,
é compreensível que seja avaliada a organização dos Dicastérios vaticanos para reflectir
sobre como tornar as estruturas existentes cada vez mais funcionais", referiu o Cardeal
Bertone numa entrevista ao diário Il Giornale, de Milão; admite que é necessário “avaliar
se tudo aquilo que existe deve ser mantido”.
A Cúria Romana, na sua actual
organização, provém de 1988, a partir da Constituição Apostólica Pastor Bonus, promulgada
por João Paulo II. “A Cúria Romana, por meio da qual o Sumo Pontífice costuma dar
execução aos assuntos da Igreja universal, e que desempenha o seu múnus em nome e
por autoridade do mesmo para o bem e serviço das Igrejas, consta da Secretaria de
Estado ou Papal, do Conselho para os negócios públicos da Igreja, das Congregações,
dos Tribunais, e de outros organismos, cuja constituição e competência são determinadas
por lei peculiar”, refere o Cânone 360 do Código de Direito Canónico.
Até hoje,
Bento XVI limitou-se a unir as presidências de alguns Conselhos Pontifícios, evitando
grandes mudanças no funcionamento da Cúria. A nomeação de um novo Secretário de Estado
- o máximo expoente da actividade diplomática e política da Santa Sé – é mesmo a mudança
mais significativa.
Sobre o seu futuro papel, o Cardeal Bertone afirmou que
o Secretário de Estado é um “homem fiel ao Papa”, devendo ser “porta-voz das suas
mensagens”, e “ajudá-lo a concretizar os seus projectos”.
O Secretário de
Estado deve ser “um colaborador que liga e coordena todos os Dicastérios da Cúria
romana, que mantém os contactos com todos os representantes da Santa Sé no mundo”.
Em síntese, "é um homem de relações, ponte de transmissão da vontade do Papa", disse
o Cardeal Bertone.
A duas semanas de tomar posse do novo cargo, o futuro braço
direito de Bento XVI confessa que se sente “pequeno” e mostra-se consciente da sua
responsabilidade “em relação a toda a Igreja, seguindo não só a vida interna da Cúria,
mas também as relações com os Estados e com as organizações internacionais”.