Combate ao tráfico de crianças insuficiente: denuncia um estudo da UNICEF sobre medidas
europeias
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Não Governamental
“Terres des hommes” denunciam, num relatório ontem publicado o aumento do tráfico
de crianças no sudeste da Europa, apontando o dedo aos “esforços pouco sistemáticos
adoptados actualmente” na área da prevenção deste flagelo. “No sudeste da Europa
as crianças são traficadas porque os esforços de prevenção são muito pequenos e chegam
muito tarde”, declarou Maria Calivis, directora regional da Unicef para Europa Central
e de Leste e a Comunidade de Estados Independentes, A representante do Unicef
diferenciou dois grupos mais vulnerávies: por um lado, meninas com menos de 18 anos,
que se prostituem; e por outro, um grupo misto de menores com idades entre 8 e 13
anos, que são forçados a tentar obter dinheiro com práticas como a mendicância. O
vice-presidente da Terre des hommes, Christian Hafner, reconheceu que as acções legais
e os trabalhos de resgate de menores contribuem de forma vital para o combate dessas
práticas, mas admitiu que “são insuficientes para travá-las”. O documento revela
que as campanhas de sensibilização são com frequência desajustadas, vagas e não sistemáticas.
Uma
das conclusões do estudo é que o tráfico de crianças só pode ser combatido se forem
enfrentadas as causas de raiz do problema e os padrões de oferta e procura que regem
esse ciclo. "Pobreza, maus tratos, exclusão, marginalização - conhecemos as causas,
quem são as crianças vulneráveis, de onde vêm", disse Maria Calivis, da Unicef.
O
relatório intitulado "Agir para Prevenir o Tráfico de Crianças no Sudeste da Europa
- uma Avaliação Preliminar", apela à criação de sistemas e serviços harmonizados,
sincronizados e sólidos - tanto internos como transfronteiriços - para proteger as
crianças.
O relatório analisa diferentes estratégias e iniciativas para prevenir
o tráfico de crianças naquela região e inclui os testemunhos de crianças na Albânia,
Moldova, Roménia e província do Kosovo sob administração das Nações Unidas, onde foi
realizada a pesquisa.