IGREJA MANTÉM DÚVIDAS SOBRE NOVA TÉCNICA DE PRODUÇÃO DE CÉLULAS-TRONCO
Cidade do Vaticano, 26 ago (RV) - Desenvolver células-tronco, sem colocar em
risco a vida dos embriões humanos que as forneceram: é o que promete uma das principais
empresas de pesquisa genética dos EUA _ a "Advanced Cell Technologies" _ ao descrever,
numa recente edição de uma importante revista científica internacional, os resultados
de uma série de experiências.
A técnica, todavia, suscita reservas por parte
da Igreja, porque não exclui, de modo absoluto, o risco de que os embriões acabem
sendo prejudicados ou destruídos.
Uma cânula microscópica penetra a barreira
que envolve o embrião e extrai delicadamente, uma por uma, algumas células, sem prejudicar
a vida do próprio embrião. As células assim extraídas, cultivadas artificialmente,
se tornam depois, capazes de se desenvolver em órgãos ou tecidos do corpo humano.
A
técnica e os resultados são apresentados com detalhes, no último número da revista
"Nature". Após mais de um ano de experimentação, esse foi o resultado alcançado pela
"Advanced Cell Technologies" (ACT), a empresa norte-americana que, em 2001, havia
anunciado ao mundo, ter conseguido clonar um embrião humano.
A técnica _ escrevem
os pesquisadores norte-americanos _ demonstrou-se segura para a integridade dos embriões,
porque, até então "nem a taxa de sobrevivência, nem o sucessivo desenvolvimento e
as possibilidade de implante diferem entre embriões humanos intactos, no estado de
blastocistos, e os embriões dos quais foram extraídas células para a diagnose genética
pré-implante".
Os próprios pesquisadores, porém, convidam à cautela, em relação
a um procedimento que ainda não eliminou todas as dúvidas sobre a sua segurança e
que _ adverte a Igreja _ mantém inalteradas todas as suas objeções de caráter bioético.
"As
experiências anunciadas permanecem sempre no âmbito da procriação in vitro,
de embriões in vitro ou para clonagem ou para a fecundação artificial, que
já conhecemos em suas diversas técnicas. E isso, do ponto de vista não apenas católico,
mas também do ponto de vista das razões bioéticas, é um fator negativo. Se o resultado
que se espera _ isto é, reproduzir células e não embriões, ou seja, somente células
embrionárias _ é o fruto de uma manipulação, de um processo que, do contrário, daria
um embrião, a objeção de caráter ético permanece inalterada, porque esse resultado
é obtido não por um processo biologicamente evolutivo, mas por um processo artificialmente
produzido" _ foi o comentário do Presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Dom
Elio Sgreccia. (RL)