2006-08-26 14:25:27

Nações Unidas aprovam a criação de uma nova missão para Timor-Leste para fomentar a estabilidade politica no país e apoiar a realização de eleições presidenciais e legislativas


O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou esta sexta feira, por unanimidade, a criação de uma nova missão para Timor-Leste, prevendo o envio de 1600 polícias para garantir a segurança no território em ano de eleições.
A resolução, proposta pelo Japão, atribui à Missão Integrada das Nações Unidas em Timor (UNMIT) um mandato inicial de seis meses, passíveis de renovação, e prevê o envio de um total de 1608 polícias e 35 oficiais de ligação militares.

Por resolver, ficou a eventual integração nesta missão da força internacional que já se encontra no terreno, a questão mais polémica e que levou ao adiamento, por uma semana, da resolução.

Na proposta que apresentou no início do mês ao Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, propunha que a componente militar da força – comandada pela Austrália, que enviou 1500 soldados para Timor – fosse reduzida para 350 efectivos e ficasse dependente da ONU.

A Austrália, apoiada pelos EUA, Japão e Reino Unido, contestou esta proposta, sublinhando que as Nações Unidas deveriam assumir unicamente o comando das forças policiais, continuando os australianos a liderar as operações militares.

Contudo, Portugal, que enviou para Timor-Leste 120 efectivos da GNR, e a Malásia, preferiam que a força internacional ficasse sob controlo da ONU – uma posição que acabaria por receber o apoio de França, Rússia e China.

Para ultrapassar o impasse, a missão não incluirá, à partida, militares e a força internacional vai manter-se no território pelo menos até Outubro, altura em que o secretário-geral da ONU irá fazer uma avaliação da situação no terreno.

Portugal já anunciou a sua disponibilidade para integrar a nova missão, em particular para colaborar na formação da polícia e forças armadas timorenses, não se sabendo ainda se será a GNR que irá garantir essa contribuição.

A UNMIT terá como principal objectivo fomentar a estabilidade política no país, apoiar a realização das eleições presidenciais e legislativas do próximo ano e colaborar com as forças timorenses na manutenção da ordem pública.

A formação e reorganização das Forças Armadas, a protecção dos direitos humanos no território e a luta contra a pobreza serão outras das prioridades da missão.

Esta será a segunda missão policial enviada pela ONU para Timor-Leste, depois do Conselho de Segurança ter ordenado a retirada faseada dos “capacetes azuis” após a independência do território, em 2002.

Contudo, a violência em Díli levou os responsáveis da ONU a admitirem que a retirada terá sido precipitada face à instabilidade ainda existente no território.

A crise timorense começou em finais de Abril, após os confrontos violentos que se seguiram a uma manifestação de ex-militares, na sua maioria oriundos dos distritos ocidentais de Timor, afastados das Forças Armadas depois de terem protestado contra a alegada discriminação de que estariam a ser alvo por parte das chefias militares.

A desintegração da Polícia Nacional e as divisões no seio das Forças Armadas, para além da actividade de grupos de civis armados no saque e destruição de bens públicos e privados, contribuiu para o acentuar da crise, entretanto ultrapassada com a chegada de cerca de três mil militares e polícias enviados pela Austrália, pela Malásia, pela Nova Zelândia e por Portugal, a partir de 25 de Maio, a pedido das autoridades timorenses.








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