2006-08-23 12:28:01

A esperança cristã que transparece do Livro do Apocalipse: a mensagem de Bento XVI na audiência geral. O Papa evoca as dificuldades, incompreensões e hostilidades que a Igreja sofre hoje em dia em várias partes do mundo.


Tendo, em semanas anteriores, comentado a figura do Apóstolo João, a partir do quarto Evangelho, e seguidamente também das três Cartas a ele atribuídas, Bento XVI deteve-se hoje no “Vidente do Apocalipse”, o “vidente de Patmos”, pequena ilha do Mar Egeu onde, segundo o seu próprio testemunho autobiográfico, ele se encontrava deportado “por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus”.
O Livro do Apocalipse deve ser “compreendido tendo como pano de fundo a dramática experiência das sete Igrejas da Ásia que no final do primeiro século tiveram que enfrentar grandes dificuldades para testemunhar a Cristo. É a elas que João se dirige, revelando viva sensibilidade pastoral em relação aos cristãos perseguidos, que ele exorta a permanecerem firmes na fé, sem se identificarem com o mundo”. “
“Uma das principais visões do Apocalipse – observou Bento XVI – tem por objecto o Cordeiro no acto de abrir um Livro que estava fechado com sete selos que ninguém conseguia desligar. João é apresentado a chorar, por não haver ninguém digno de abrir o livro e de o ler.”.
“Este pranto de João perante o mistério da história tão incompreensível exprime talvez o desconcerto das Igrejas asiáticas pelo silêncio de Deus perante as perseguições a que se encontravam expostas naquele. É um desconcerto no qual bem se pode reflectir o mal-estar perante as graves dificuldades, incompreensões e hostilidades que também hoje a Igreja sofre em várias partes do mundo. São sofrimentos que a Igreja não merece, assim como Jesus não mereceu o seu suplício. Essas dificuldades, revelam não só a maldade do homem quando se abandona às sugestões do mal, mas também como Deus conduz superiormente os acontecimentos. Pois bem, só o Cordeiro imolado é capaz de abrir o livro selado, revelando o seu conteúdo, de dar sentido a esta história, obviamente tantas vezes absurda. É o Cordeiro que dela pode tirar indicações e ensinamentos para a vida dos cristãos, aos quais a sua vitória sobre a morte traz consigo o anúncio e a garantia da vitória que também eles sem dúvida obterão”.
“O que João deseja instilar nos seus leitores – sublinhou Bento XVI – é uma atitude de corajosa confiança. Com as suas imagens fortes e por vezes difíceis, não pretende propor enigmas a resolver, mas sim apontar o caminho de uma esperança segura, que se abandona serenamente a Deus e a Jesus Cristo”.
“O Apocalipse de João, embora repleto de contínuas referências a sofrimentos e tribulações – a face obscura da realidade – está igualmente embebida de frequentes cantos de louvor, que representam como que a face luminosa da história… Estamos perante o típico paradoxo cristão, segundo o qual o sofrimento nunca é advertido como a última palavra, mas sim como ponto de passagem para a felicidade, mais ainda: o sofrimento é já misteriosamente embebida da alegria que brota da esperança”.
Presentes na Aula Paulo VI do Vaticano, nesta quarta-feira, certo número de peregrinos portugueses que cantaram o Ave de Fátima e aos quais o Papa dirigiu uma saudação
"Envio uma particular saudação aos peregrinos de língua portuguesa aqui reunidos, mormente o numeroso grupo de Portugal e os visitantes do Brasil. Faço votos por que esta passagem por Roma “para ver a Pedro” reforce a própria fé na Igreja fundada por Cristo, e anime a um maior compromisso de oração e de ação pela difusão do seu reino neste mundo".








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