CPLP debate sobre a educação de jovens e adultos e o analfabetismo
A Comunidade de Países de Língua Portuguesa está a promover, em Brasília, um debate
sobre a Educação de jovens e adultos e o analfabetismo, mas Portugal não marca presença
no evento. Lisboa justifica a ausência com questões de agenda, mas a Lusofonia não
poupa críticas… Representantes de todos os países-membros da Comunidade de Países
de Língua Portuguesa (CPLP) à excepção de Portugal estão reunidos na cidade de Brasília
com o objectivo de procederem à elaboração de um plano estratégico no campo da alfabetização
e da Educação de jovens e adultos. “Não queremos criar uma pauta nova para os países
de Língua Portuguesa, mas antes discutir directrizes no campo da Educação e ajudar
os países a cumprir as Metas do Milénio estabelecidas pelas Nações Unidas”, explicou
Timothy Ireland, director do Departamento de Educação de Jovens e Adultos do Ministério
da Educação do Brasil.
A ausência de Portugal foi lamentada por todos os participantes
naquele que é o primeiro encontro a nível governamental dos países da CPLP sobre a
temática da alfabetização. Em Lisboa, fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros
explicou entretanto que a ausência de Portugal na reunião de Brasília se deveu a “contingências
várias”, mas garantiu que “Portugal está sempre disponível para participar em iniciativas
ligadas ao sector da alfabetização e no âmbito da CPLP”. Não obstante, adiantou a
mesma fonte, compromissos internacionais diversos neste sector e a realização da reunião
internacional sobre alfabetização imediatamente antes da que agora está em curso na
capital brasileira impediram Portugal de “dar a resposta que desejava”.
À luz
de estatísticas oficiais, o nível de analfabetismo nos países lusófonos é muito elevado.
Em Angola, por exemplo, aquela taxa ronda os 60 por cento, com maior incidência nas
mulheres. Já o Brasil possui 33 milhões de analfabetos funcionais (pessoas com menos
de quatro anos de estudo), e cerca de 16 milhões com mais de 15 anos que ainda não
foram alfabetizados, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Em Moçambique, um inquérito recente realizado pelo Instituto Nacional de Estatística
aponta uma média de 51,9 por cento de analfabetos no país, sendo a taxa de mulheres
ainda mais elevada (66,7 por cento).
Na Guiné-Bissau o índice de analfabetismo
é hoje de 63 por cento, enquanto em São Tomé e Príncipe aquela taxa atinge os 20 por
cento, e em Cabo Verde, onde a grande maioria a população fala crioulo, apesar de
a língua oficial ser o Português, o analfabetismo afecta 25 por cento dos habitantes.
De entre os 800 mil timorenses, uma franja superior a 40 por cento, sendo que apenas
homens e mulheres com mais de 40 anos falam em Língua Portuguesa, enquanto nos restantes
grupos etários se verifica o domínio do tétum, o outro idioma oficial no país.
A
questão do multilinguismo está a ser analisada. A alfabetização em várias línguas
é um grande desafio para a CPLP. O encontro dos representantes da CPLP para discutir
a alfabetização de jovens e adultos foi promovido pelo governo brasileiro em parceria
com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.