Cardeal Roger Etchegaray em missão de paz ao Libano com apelos á unidade e á solidariedade
entre cristãos e muçulmanos
O Cardeal Roger Etchegaray, enviado especial do Papa ao Líbano, concluiu esta manhã
a sua missão de paz neste país com apelos “à unidade e à solidariedade” entre cristãos
e muçulmanos. O presidente emérito do Conselho Pontifício Justiça e Paz manifestou,
em conferência de imprensa, a “proximidade de Bento XVI com os sofrimentos de todos
os libaneses”. O Cardeal Etchegaray defendeu ainda a necessidade de respeitar o cessar-fogo
e de parar com qualquer acção violenta. Da visita de três dias ao Líbano, o destaque
vai para a celebração eucarística pela paz, que ontem teve lugar na basílica de Nossa
Senhora do Líbano, em Harissa, na qual participaram todos os Patriarcas e Bispos
do país, juntamente com 6 mil fiéis. Em Nazaré, na Basílica da Anunciação, os católicos
israelitas juntavam-se a esta celebração pela paz. Na homilia, o enviado do Papa
repetiu as suas condenações “contra toda a violência que causou tantos mortos, sobretudo
entre a população civil”, e afirmou a necessidade de respeitar todos os responsáveis
no Líbano. Este responsável insistiu na necessidade de reconciliação entre Israel
e o Hezbollah, frisando que o verdadeiro caminho para a paz "é mais espiritual do
que político". "Nenhuma paz estabelecida por um acordo se poderá sustentar se
não for acompanhada com a paz do coração", disse. D. Etchegaray também se referiu
ao conflito entre Israel e a Palestina, assinalando que este “é um desses dramas para
os quais, se não for encontrada rapidamente uma solução justa, não se chegará a nenhuma
parte". Antes de finalizar, o Cardeal Etchegaray pediu ao Líbano que "continue
fiel à sua vocação de favorecer a coexistência cultural e religiosa". O enviado
do Papa lamentou que 30% das vítimas mortais desta guerra tivessem menos de 12 anos,
convidando todos a renunciar a um “clima de ódio”, compreendendo que “só o perdão
pode conduzir à reconciliação”. O Cardeal Roger Etchegaray, reconhecido como o
homem de confiança dos últimos Papas para as missões diplomáticas mais difíceis, já
estivera no Líbano há 21 anos, altura em que disse, como ontem: “Líbano, tu não morrerás”.
Durante a sua permanência no país, o enviado de Bento XVI encontrou-se com os
líderes católicos e muçulmanos do Líbano, o presidente do parlamento Nabih Berri,
o primeiro-ministro Fouad Sinora e o presidente Emile Lahoud.