Conferência internacional avisa que a guerra contra a Sida poderá prolongar-se por
largas décadas
A guerra contra a sida poderá ainda estender-se por largas décadas, apesar dos avanços
registados. Esta foi a mensagem prudente com que o director da agência das Nações
Unidas que luta contra a doença (Onusida), Peter Piot, antecipou ontem de manhã na
abertura, em Toronto (Canadá), da 16ª conferência internacional sobre um flagelo que
já fez 25 milhões de mortos em todo o Mundo.
Para Peter Piot, os avanços em
termos de financiamento e acesso aos cuidados de saúde pelos mais desfavorecidos não
devem levar os governos, os dadores e os activistas a pensar que o combate está vencido.
Os fármacos antiretrovirais bloqueiam a progressão do vírus, mas não o eliminam,
lembra Peter Piot. Ou seja, à falta de remédio, os doentes estão condenados a tomar
tratamentos muito potentes para o resto das suas vidas.
Investigador em doenças
infecciosas, Peter Piot lamenta os erros cometidos nos últimos 25 anos, desde que
a doença foi descoberta na comunidade homossexual americana e até à sua expansão mundial. Depois
da chegada dos primeiros antiretrovirais aos países ricos, há dez anos, foram necessários
sete anos para que a indústria farmacêutica, picada pelos activistas e pela concorrência
dos genéricos, os tornasse acessíveis aos países pobres. Mas o problema não está
resolvido Segundo a Onusida, 38,6 milhões de pessoas viviam com o vírus em finais
de 2005. A conferência de Toronto deverá reunir durante uma semana cerca de 21 mil
delegados, investigadores e representantes da sociedade civil.