JESUÍTA EGÍPCIO AFIRMA QUE ISRAEL DEVE PÔR FIM À OCUPAÇÃO PALESTINA
Cairo, 05 ago (RV) - "Para pôr fim ao terrorismo de matriz islâmica, Israel
deveria pôr fim à ocupação dos territórios palestinos." É o que afirma Pe. Samir Khalil,
jesuíta egípcio, professor em Beirute e em Roma, um dos maiores especialistas nas
questões da Igreja no Oriente Médio.
Neste sábado, a AsiaNews publicou uma
longa reflexão do sacerdote jesuíta, na qual analisa a atual situação. Pe. Khalil
critica tanto o "Hezbollah" quanto a agressão desfechada por Israel, e explica como
o comportamento do governo israelense esteja angariando o ódio contra os israelenses.
O sacerdote explica, todavia, que o terrorismo, como demonstra a ocupação ilegal do
Iraque, por parte dos anglo-americanos, não se combate com os exércitos.
"A
invasão do Iraque _ explica o jesuíta _ teve como conseqüência a difusão do terrorismo
e sua proliferação. As raízes do terrorismo não são militares, mas ideológicas, culturais
e até mesmo espirituais. São essas raízes que devem ser cortadas" _ alerta Pe. Khalil.
Quanto
às razões de fundo que estão por trás da crise do Oriente Médio, Pe. Samir Khalil
afirma: "Uma das causas fundamentais do terrorismo no Oriente Médio islâmico é, de
fato, a ocupação, há quase 40 anos, dos territórios palestinos, por parte de Israel."
"Com
efeito, Israel _ continua o jesuíta _ argumentando sempre "razões de segurança", Israel
realizou guerras expansionistas para alargar seu território. Se compararmos o mapa
de Israel estabelecido pela então "Sociedade das Nações" (depois ONU), em 1947, com
o de hoje _ após a agressão contra o Egito, em Suez, e a "Guerra dos Seis Dias", pode-se
constatar que Israel foi alargando notavelmente seu território, até duplicá-lo. Tudo
isso, de modo ilegal, ou seja, não reconhecido pelas Nações Unidas, única instância
que pode dar legitimidade a uma Nação."
Quanto à situação da comunidade cristã
no país, Pe. Khalil descreve um quadro dramático, que confirma as notícias dos últimos
dias, que falam de uma possível fuga generalizada dos cristãos do Líbano. "A comunidade
cristã está em estado de choque _ explica o sacerdote _ e, na sua totalidade, os cristãos
sempre defenderam a independência absoluta do Líbano e lutaram contra a Síria, pagando
por isso, um preço muito elevado. Todos os assassinatos, inclusive depois da retirada
da Síria (do Líbano, ndr), no ano passado, com exceção daquele cometido contra Hariri,
tiveram como objetivo os cristãos."
"Os cristãos sempre desejaram o desarmamento
do "Hezbollah _ sublinha o sacerdote jesuíta _ e, ao invés, por causa da influência
síria, isso não foi possível. Os cristãos sempre entenderam que a manutenção das milícias
do "Hezbollah" era uma grave ofensa aos acordos e às autoridades do Estado. E foi
o que aconteceu. Agora, seu destino é permanecer sob as bombas ou refugiar-se em outros
países, porque os cristãos, pelo próprio fato de serem cristãos e não muçulmanos,
não podem se refugiar nos países vizinhos."
"Por isto _ conclui Pe. Samir Khalil
_ muitos decidem partir para a Europa ou para os Estados Unidos. O problema é que
grande parte dos cristãos que emigra para o Ocidente não retornará nunca mais ao Líbano
(...). A situação é, portanto, dramática. Como disse o bispo maronita de Jbeil: "Mais
de 70% dos cristãos que ainda permanecem no Líbano têm intenção de partir, tão logo
seja reaberto o aeroporto internacional de Beirute"." (MZ)