Crise no Libano não se resolve pela violência: o Cardeal D. José Saraiva Martins lamenta
"erros politicos"
A actual crise política e militar no Líbano não se resolverá pela guerra, mas pelo
“diálogo político honesto e transparente, tal como o Papa tem pedido insistentemente”.
A opinião é do Cardeal Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para as Causas dos
Santos. “A história é eloquente: a guerra nunca conseguiu resolver os problemas
entre as nações. Pode ser uma opinião bastante dura, mas, infelizmente, os problemas
no Médio Oriente têm sempre os mesmos interesses e actores…”, lamentou este membro
da Cúria Romana, em entrevista ao “Diário do Minho”. Na sua opinião, “os erros
políticos pagam-se muito caro” e a questão do Líbano não deve ser vista de forma separada
da problemática do Iraque ou do Afeganistão. “Toda a região está em ebulição. Estes
factos que hoje lamentamos têm as suas causas e há alguém responsável por isso”, aponta.
“Temos que compreender que não devemos sobrepor ao interesse dos povos os interesses
de ordem material. Chamemos-lhe ‘petróleo’ ou outra coisa qualquer. No fundo, o motivo
destas guerras é o bem dos povos envolvidos?”, pergunta. O Cardeal português questiona
a possibilidade de “exportar” a democracia, afirmando que “a democracia pode ser gerada,
semeada, preparada, cultivada, e não exportada”. “Para os povos ocidentais, o termo
‘democracia’ tem um sentido claro. Mas, para os outros povos a democracia é vivida
e percebida de forma diferente”, adverte. “Não são as armas que geram a paz entre
os povos. É preciso respeitar as pessoas, que são sagradas, e a individualidade dos
povos”, concluiu.