A população cristã do Líbano sente-se abandonada e o Bispo maronita de Jbeil, D. Bechara
Rai, considera que se vive uma “verdadeira crise” no seio da comunidade. A continuação
do conflito entre Israel e o Hezbollah continua a provocar mortes entre a população
civil e, sobretudo, uma fuga maciça da população. O Bispo Rai assegura que 70%
da população cristã tem intenção de abandonar o país “assim que o aeroporto de Beirute
seja reaberto”. Actualmente, quase 80% dos imigrantes libaneses são cristãos, enquanto
que a sua presença no país continua a diminuir. Enfrentando os que desejam um
“novo Médio Oriente”, D. Bechara Rai adverte, em declarações à agência AsiaNews, que
“quando esse projecto for concretizado, será demasiado tarde para os cristãos”. Os
cristãos serão cerca 1,5 milhões entre uma população total de 4,4 milhões de habitantes,
devendo ser tido também em conta que há 16 milhões de libaneses na diáspora. Na década
de oitenta, durante a guerra no Líbano, terão sido destruídas cerca de 300 aldeias
cristãs. Neste novo momento de crise, a Cáritas local denuncia a pouca colaboração
das organizações governamentais. Para o organismo católico humanitário, as populações
sentem-se “abandonadas e sem esperança”. As palavras de Bento XVI sobre a crise no
país são recebidas, apesar de tudo, com grande apreço, sobretudo a referência feita
ao bombardeamento de Caná. A Cáritas do Líbano já ajudou mais de 80 mil pessoas
nas três semanas de conflito, mas já manifesta a sua impotência face à ajuda de que
a população carece: a falta de água potável, comida e medicamentos tornam-se evidentes.