Nápoles, 02 ago (RV) - Da "guerra justa" à "compaixão", ou seja, à "participação
também emotiva e psicológica nos sofrimentos de quem é agredido e o conhecimento real
dos custos que comporta cada recurso à guerra".
É o caminho que o jesuíta Pe.
Cristopher Vogt sugere aos católicos, em particular aos norte-americanos, frente ao
cenário internacional e às opções de política externa dos poderosos do mundo.
O
jesuíta adverte que discernir sobre a moralidade da guerra não é tarefa que se possa
delegar aos políticos. O teólogo convida, sobretudo, os cristãos a educar o povo para
a virtude da paz.
Pe. Cristopher Vogt analisa o problema em seu artigo "Guerra
justa e paz" na revista "Rassegna di teologia", publicada pela Pontifícia Faculdade
Teológica do sul da Itália, com sede em Nápoles, dirigida pela Companhia de Jesus.
Pe.
Vogt esclarece que "não pretende transformar a teoria católica sobre a guerra justa
numa ética cristã totalmente pacifista". De fato, "às vezes", os líderes políticos
e a opinião pública podem assumir o compromisso de uma séria reflexão moral a respeito
da moralidade da guerra.
O jesuíta defende a tese de que, no campo católico
norte-americano, observou que "as estratégias de combate das forças armadas norte-americanas
no Iraque e no Afeganistão puseram à dura prova os limites legais da proporcionalidade,
evidenciando sua total inadequação ética".
Em tal contexto Pe. Vogt critica
o intelectual leigo católico George Weigel, que se havia pronunciado a favor da ocupação
norte-americana do Iraque. "Weigel _ afirma o jesuíta _ confundiu o poder de desencadear
a guerra com aquele de saber se é justo desencadeá-la. Basta pensar na Alemanha nazista
para ver os perigos que derivam de tal confusão."
A propósito da "guerra justa",
Pe. Vogt menciona também João Paulo II, que sempre foi contrário à teoria da guerra
justa, dando ênfase à não-violência ativa. Para ele, a forma de João Paulo II afrontar
a questão da guerra e do uso da força tem uma grande afinidade com a posição de Santo
Tomás de Aquino.
O sacerdote sugere, por fim, à Igreja Católica nos Estados
Unidos, duas saídas concretas: abordar o tema com a instrução e a catequese porque
"discernir sobre a moralidade da guerra não é uma tarefa a ser deixada nas mãos dos
políticos". "Num regime democrático, esta é uma responsabilidade universal" _ argumenta.
Ou então, formar todo o povo de Deus para as "virtudes capazes de promover a paz e
para outros compromissos morais cristãos vitais, que os católicos devem viver para
bem deliberar sobre questões relativas à guerra". (MZ)