Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Lisboa, classificada como monumento nacional
O Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) aprovou, por unanimidade,
a classificação como monumentos nacionais da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em
Lisboa, da Casa de Chá da Boa Nova e da Piscina das Marés, em Leça da Palmeira. A
Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, é um edifício da autoria dos arquitectos
Teotónio Pereira e Nuno Portas e o IPPAR salienta "a sua qualidade ímpar no panorama
da arquitectura nacional".
A Igreja do Sagrado Coração de Jesus, (Arq. Nuno
Teotónio Pereira e Nuno Portas, Lisboa, 1961-70) constituiu-se como uma referência
para as gerações futuras, marcando definitivamente uma nova imagem no equipamento
religioso, aberto e participado. Esta Igreja era definida como “o lugar onde a Igreja
se reúne para celebrar: escutar a Palavra, celebrar a Eucaristia, reconhecer a Assembleia
que celebra o mistério pascal de Cristo como Povo de Deus”.
Nuno Teotónio Pereira,
nascido em Lisboa (1922), foi presidente do Movimento de Renovação da Arte Religiosa
(M.R.A.R.), nascido quando no Outono de 1952, um pequeno grupo de arquitectos recém-diplomados
e alguns estudantes da Escola de Belas Artes de Lisboa fizeram as primeiras reuniões,
reagindo contra a utilização de modelos tradicionalistas e ao estilo neomedievalista
que vingava nas novas áreas urbanas de Lisboa e Porto.
Participaram neste
movimento alguns dos mais destacados arquitectos e artistas plásticos em Portugal,
como o próprio Nuno Teotónio Pereira, João de Almeida, Diogo Pimentel, Nuno Portas,
Luís Cunha, Erich Corsepius, Madalena Cabral, Formosinho Sanchez, Manuel Costa Cabral,
Eduardo Nery, Jorge Vieira, entre outros.
A utilização de materiais tradicionalmente
considerados como menos nobres (o betão, o vidro) e o primado da funcionalidade nas
edificações são apenas a face visível de um fenómeno de renovação que em Portugal
deu os primeiros passos com o trabalho de Pardal Monteiro e a sua Igreja de Nossa
Senhora de Fátima, em Lisboa, edificada entre 1934 e 1938: primeira a desafiar os
códigos tradicionais revivalistas, baseando-se nos projectos franceses do género,
(onde se destaca a igreja de Notre Dame du Raincy, do Arq. Auguste Perret, 1922, utilizando
o betão armado e simplificando as formas).
Obras como esta e a sua homónima,
no Porto (1935, a cargo do grupo A.R.S. – Cunha Leão, Fortunato Cabral e Morais Soares)
e os seus opostos revivalistas e regionalmente estilizados de São João de Deus, Santo
Condestável e São João de Brito, em Lisboa, lançam uma viva discussão e originam as
tomadas de posição muito antagónicas, entre o conservadorismo e o desejo de renovação.