O Cardeal Angelo Sodano, Secretário do Estado do Vaticano, afirmou que a Santa Sé
segue "com enorme atenção" a conferência para a paz no Líbano, que se realiza esta
quarta-feira, em Roma. Este responsável desejou "sorte ao governo italiano", além
de “dar os parabéns a quem teve esta iniciativa, porque Roma tem vocação de paz”.
O Cardeal Sodano assegurou que tem sido feito, da parte do Vaticano, “um trabalho
intenso e muitos contactos com Ministérios dos Negócios Estrangeiros de vários países
interessados". A reunião é presidida pelos EUA e a Itália, com a presença dos
países do "grupo de contacto" sobre o Líbano (Líbano, França, Rússia, Grã-Bretanha,
Egipto, Arábia Saudita, a União Europeia, o Banco Mundial e a ONU). Foram convidados
ainda Alemanha, Espanha, Turquia, Jordânia, Finlândia e Canadá. O Vaticano está
em contacto "com vários governos do mundo, procurando dar a sua contribuição para
que esta tragédia termine quanto antes”. “Houve um empenho diário, sobretudo para
insistir em grandes directrizes dadas pelo Papa, para uma trégua imediata e a instituição
de um corredor humanitário para promover ajuda”, revelou o Cardeal Sodano. A principal
preocupação do Vaticano é que "exista diálogo entre as partes”. “Há uma missão universal
para unir toda a humanidade, e o caminho que se espera da sociedade contemporânea
não é o da guerra, mas o do diálogo entre as partes", referiu o Secretário de Estado. Bento
XVI tem manifestado grande atenção ao desenrolar do conflito entre Israel e o Hezbollah,
que afecta milhões de pessoas, e mobilizou a Igreja Católica numa grande jornada de
oração pela paz, este Domingo. Para sair do complicado puzzle político, militar, cultural,
religioso e ideológico da região, o Papa apelou à mobilização espiritual do mundo,
procurando soluções que ultrapassem objectivos geopolíticos. Os apelos ao cessar-fogo
imediato e à abertura de corredores humanitários são acompanhados de fortes afirmações
em favor dos direitos de todos os povos envolvidos: soberania para os libaneses, segurança
para os israelitas, liberdade para os palestinianos, todos nos seus respectivos Estados.
Domingo, o Papa apelou também à ajuda da comunidade internacional, para que as
populações do Médio Oriente "sejam capazes de abandonar o caminho do confronto armado
e construam, com a audácia do diálogo, uma paz justa e duradoura", apontou. Bento
XVI manifestou-se particularmente próximo das "populações civis indefesas, injustamente
atingidas por um conflito de que são as vítimas". Em especial, o Papa referiu-se à
situação na Galileia e no Líbano. Centenas de pessoas morreram nos dias de conflito
entre Israel e o Hezbollah, enquanto mais de meio milhão de pessoas fugiram das suas
casas, no Líbano, gerando uma verdadeira crise humanitária. O Papa tem sido questionado
pelos jornalistas, nestes dias, a respeito das comunidades cristãs da Terra Santa
e assegura que o contacto com as mesmas é "constante". Sábado, a Santa Sé divulgou
um comunicado em que anunciava o envio de ajuda às populações locais, através do Conselho
Pontifício "Cor Unum" - órgão executivo do Papa quando ele empreende iniciativas humanitárias
especiais. A primeira ajuda destina-se ao acolhimento dos milhares de deslocados e
dirige-se à Cáritas Líbano, à Custódia da Terra Santa e outras organizações presentes
no terreno.