A hierarquia da Igreja Católica na RDCongo assinou, com representantes de outras confissões
religiosas, um apelo à votação nas eleições de 30 de Julho. "Uma taxa de participação
alta provará a adesão popular às escolhas operadas", diz o apelo, intitulado "Vamos
ás eleições", subscrito por cristãos e muçulmanos do país. No documento, a que
a Lusa teve acesso, redigido após uma reunião na sede do Centro Inter-diocesano de
Kinshasa, é ainda elogiado o papel da Comissão Eleitoral Independente (CEI), fortemente
criticada nos últimos dias pela Conferência Episcopal da RDCongo e pelos padres da
capital. "Queremos, antes de mais, felicitar a CEI pelo trabalho efectuado em
condições frequentemente difíceis para conduzir o nosso povo aos próximos escrutínios",
refere o comunicado. "Pedimos à CEI para intensificar durante esta semana crucial
o seu serviço de comunicação para melhor informação da população congolesa para assegurar
a credibilidade das eleições", refere ainda a nota da Plataforma de Confissões Religiosas.
O documento foi subscrito pela Igreja Católica, Igreja Ortodoxa, Igreja do Despertar
do Congo, Igreja de Cristo no Congo, Igreja Independente do Congo, Comunidade Islâmica
do Congo e Igreja Quibanguiste. A Igreja Católica parece agora estar menos preocupado
com o sucesso das eleições, depois de ter denunciado “irregularidades” na preparação
das eleições no país, ameaçando não reconhecer a sua validade. Numa mensagem divulgada
na semana passada, os Bispos destacavam não existirem ainda as condições para realizar
eleições realmente “transparentes, livres e democráticas”, condenando, pelo contrário,
alguns sinais que fazem aumentar o temor de “manipulações e fraudes”. O documento
- datado de 20 de Julho de 2006 e intitulado “O fim da transição na concórdia nacional”
- pedia que “os protagonistas políticos e a comunidade internacional façam das próximas
eleições uma hipótese real para a República Democrática do Congo”. Depois de uma
situação política caracterizada por duas guerras e por diversos conflitos armados,
que causaram inúmeros mortos e um empobrecimento crescente, “o povo congolês aspira
ardentemente à realização das eleições, via ordinária para a legitimidade do poder
e para a instauração de um Estado de direito, promotor de paz, de justiça, de desenvolvimento
integral e duradouro”, pode ler-se na Declaração dos Bispos.