UNICEF alerta para crianças vitimas da guerra no ex- Zaire
Apresentado nesta segunda feira em Londres um relatório intitulado Infância em Perigo:
República Democrática do Congo, de Martin Bell, embaixador para a Emergências Humanitárias
da UNICEF do Reino Unido; a precisamente seis dias da realização das primeiras eleições
livres em mais de quatro décadas no antigo Zaire.
No documento, em que descreve
os efeitos da guerra nas crianças e nas suas famílias quando a escalada de violência
dos exércitos e milícias armadas atingiu o Congo oriental, Bell lembra que, desde
1998, quatro milhões de pessoas morreram , vítimas da guerra ou de doenças. E que
em Outubro de 2005, havia 1,6 milhões de deslocados internos, com um número estimado
de 120 mil pessoas a fugir de casa todos os meses, bem como 400 mil refugiados.
O
embaixador para as Emergências Humanitárias daquela agência das Nações Unidas coloca
ainda a questão de outra forma ao sublinhar que, a cada seis meses, o número de mortes
naquele país africano vizinho de Angola ultrapassa o das vítimas do tsunami de 2004
no sudeste asiático. A crise humanitária na RDC é a mais mortífera em todo o mundo
desde a II Guerra Mundial.
Lembrando que as crianças carregam o fardo mais
pesado do conflito, Bell indica que aproximadamente 30 mil delas estarão associadas
a forças ou grupos armados como combatentes, escravos sexuais, ajudantes ou espiões.
Na parte oriental do ex-Zaire foram noticiados, só no ano passado, 25 mil casos de
agressões sexuais, "armas de guerra contra mulheres e crianças".
Apesar do
quadro negro sobre a RDC, país rico em minerais mas com uma economia devastada, o
responsável considera que as eleições livres podem ser o início de um caminho para
a paz. O actual Presidente, Joseph Kabila, é o favorito à vitória no escrutínio de
dia 30.