2006-07-19 17:27:16

PREOCUPAÇÃO DO PRESIDENTE DO PONTIFÍCIO CONSELHO "DA JUSTIÇA E DA PAZ" COM CRISE NO ORIENTE MÉDIO


Cidade do Vaticano, 18 jul (RV) - O Papa e a Santa Sé acompanham com grande atenção os desdobramentos da situação no Oriente Médio. Após os prementes apelos do Papa, em favor da paz, no Angelus de 29 de junho e no de domingo passado, dia 16, seguiu-se a exortação ao diálogo entre as partes, feita pelo Cardeal Secretário de Estado, Angelo Sodano.

Também o presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", Cardeal Renato Raffaele Martino, expressou grande preocupação pela crise no Oriente Médio.

Cardeal Renato Martini:- "Como ressaltou Sua Santidade Bento XVI no Angelus de domingo passado, dia 16, o estender-se das ações bélicas no Oriente Médio suscita muita preocupação, em particular, pela sorte da população civil. A situação é complexa e difícil de decifrar. Estão em risco a paz e a segurança, não somente da região, mas do mundo inteiro, como afirmou sexta-feira passada, o Cardeal Secretário de Estado, Angelo Sodano. Ao mesmo tempo, todavia, em tal cenário de violência e de obstinada contraposição, devem ser repudiados _ com decisão _ quer os ataques terroristas de uma parte, quer as represálias militares da outra, uma vez que ambas constituem uma violação do Direito e dos mais basilares princípios de Justiça."

P. Cardeal Martino, qual deve ser o papel da comunidade internacional no preocupante cenário do Oriente Médio?

Cardeal Renato Martini:- "Em tal cenário, sem mais tardar e antes que o conflito degenere assumindo dimensões ainda mais difíceis de controlar, a comunidade internacional e as NN.UU, em particular, são chamadas a promover o diálogo e a paz entre as partes em conflito, e a afirmar um Estado de direito na área. É desejável que os Estados não cedam à tentação de interpretar em chave política ou ideológica o conflito em curso, atrasando, assim, ou tornando menos eficazes o empenho diplomático e o socorro humanitário à população civil."

P. Os líderes do G-8 afrontaram a questão do conflito no Oriente Médio. O senhor considera que a questão tenha sido afrontada adequadamente?

 
Cardeal Renato Martini:- "Certamente! A declaração dos líderes do G-8 sobre o Oriente Médio deve ser considerada positivamente. De fato, os líderes se declaram prontos a colaborar com as NN.UU. para a afirmação da paz no Oriente Médio e, em particular, para a aplicação das resoluções 1.559 e 1.680, do Conselho de Segurança, relacionadas ao Líbano, reconhecido como Estado soberano. Declaram-se também prontos a colaborar em favor da retomada do diálogo e da cooperação entre Israel e Palestina. pela paz no Oriente Médio. Tais sinais, como a mediação do Premier italiano, Romano Prodi, são encorajadores. Todavia, as manifestações de vontade deveriam ser seguidas de um plano de ação equilibrado em nível jurídico e político, que dê especial atenção à sorte da população civil."
 
P. Cardeal Martino, como o senhor avalia os riscos do fundamentalismo no cenário do Oriente Médio?

Cardeal Renato Martini:- -"Um elemento ulterior que deve ser considerado é o envolvimento _ naquilo que podemos definir como guerra _ de movimentos fundamentalistas islâmicos (refiro-me ao Hamas e ao Hezbollah, em particular). Esse dado torna a situação particularmente preocupante, a partir do momento em que Estados como a Síria ou o Irã poderiam tomar parte do conflito, de modo a exasperar a contraposição ideológica e provocar uma reação ainda mais grave, por parte de Israel. Por fim, não se pode esquecer o risco do uso de armas nucleares ou de destruição em massa, que poderia se transformar numa trágica página para a história da família humana."

P. Cardeal Renato Martino, o senhor poderia nos deixar uma palavra de esperança?

Cardeal Renato Martini:- -"Hoje, mais do que nunca, é preciso recuperar o sentido da missão, ou melhor, da vocação da ONU, nascida para "manter a paz… e a segurança e, com tal finalidade (...) adotar medidas coletivas efetivas para a prevenção e a remoção das ameaças para a paz" (Carta das NN.UU.). No mundo contemporâneo, nenhum conflito pode ser considerado em dimensão local, por suas implicações de origem humana, política e econômica, e por seus possíveis efeitos sobre a paz e sobre a segurança no mundo. Portanto, é necessária uma tomada de consciência por parte da comunidade internacional, do próprio destino comum e da urgência de uma solução pacífica da crise, da afirmação da paz e do Estado de direito e do socorro humanitário à população civil no Oriente Médio." (RL)







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