Defesa da Amazónia une cristãos: mensagem do Papa ao Simpósio organizado pela Igreja
Ortodoxa
Bento XVI considera que o respeito pela natureza é um dos âmbitos em que os cristãos
podem “oferecer ao mundo um testemunho credível” em conjunto. Numa mensagem enviada
ao Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I, o Papa saúda a iniciativa
ortodoxa de promover um simpósio subordinado ao tema “Amazónia, fonte de vida”. O
evento decorre até amanhã em Manaus, capital do Estado do Amazonas, no norte do Brasil.
Segundo Bento XVI, existem “objectivos práticos e de sobrevivência do homem que
podem e devem unir todas as pessoas de boa vontade”. No texto, o Papa lembra a adesão
dos católicos aos valores evidenciados pelo simpósio, dado que a deterioração do ambiente
“tem profundas repercussões sobre as populações”. A respeito da responsabilidade
de salvaguarda da Criação, o Papa faz referência ao compromisso comum entre católicos
e ortodoxos, visto como “um exemplo da colaboração” que ambas as Igrejas devem promover
“para responder ao apelo de um testemunho comum”. A mensagem revela ainda que
o Papa espera que o Simpósio “chame, mais uma vez, a atenção das populações e dos
governos para os problemas, as necessidades e as emergências de uma região (a Amazónia)
cuja estabilidade ecológica está tão ameaçada”. A representação do Vaticano no
simpósio esteve a cargo do presidente emérito dos Pontifícios Conselhos da Justiça
e da Paz e “Cor Unum”, Cardeal Roger Etchegaray, juntamente com o presidente da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, Cardeal Geraldo Majella Agnelo. Bartolomeu I lançou
um apelo em defesa da “frágil beleza do mundo” que se reflecte no rio Amazonas. O
evento reúne cerca de 200 cientistas, teólogos, líderes religiosos, ambientalistas,
representantes de organismos internacionais, chefes indígenas e jornalistas de todo
o mundo. Os debates acontecem em barcos, que navegam pelas águas do rio Amazonas.
Vários dos líderes religiosos presentes ao Simpósio propõem uma mudança na interpretação
bíblica de que devemos sujeitar a natureza às necessidades humanas, considerando,
antes, a natureza como sujeito da nossa história.