Encontros mundiais da familia um legado de João Paulo II
O V Encontro Mundial das Famílias (EMF), que se celebra em Valência por estes dias,
foi uma iniciativa de João Paulo II que Bento XVI se encarregou de ratificar, logo
no início do seu pontificado. A figura do Papa polaco está, aliás, omnipresente, seja
nos pensamentos, seja nos gestos dos vários participantes no Encontro. Os EMF
têm o seu início quando, a 6 de Junho de 1993, João Paulo II anunciou na Praça de
São Pedro a celebração do Ano Internacional da Família, que se iniciou e se concluiu
nos dias da Festa da Sagrada Família em 1993 e 1994. A instituição de um Ano Internacional
completamente dedicado à Família pretendeu, do ponto de vista do Papa Wojtyla, centrar
a atenção da Igreja e da sociedade na família como “proclamação do amor conjugal”,
aquilo que ele próprio tinha escrito na exortação apostólica Familiaris Consortio.
Ao longo do seu pontificado, João Paulo II teve como prioridade a evangelização
da “Igreja doméstica”, pedindo que a acção pastoral da Igreja fosse endereçada à família.
Os EMF sucederam-se, numa cadência trienal, com temas da pastoral da família e da
vida, procurando uma participação à escala global. Depois de Roma (1994), o Encontro
do Rio de Janeiro (1997) teve como tema “A família, dom e compromisso, esperança da
humanidade”. O ano 2000 teve, novamente, a cidade de Roma como palco para o EMF, agora
sob o tema “Os filhos, primavera da família e da sociedade”. As Filipinas acolheram
o IV EMF, em Manila, dedicado ao tema “A família cristã, Boa Nova para o terceiro
milénio”. Foi no final deste encontro que João Paulo II anunciou a escolha de Valência
como sede do V EMF. Homenagem Por tudo isto, Valência não esquece o
Papa polaco e um dos momentos mais significativos de homenagem aconteceu aquando da
passagem do Arcebispo de Cracóvia, Cardeal Stanislaw Dzwisz, no Congresso teológico-pastoral
do EMF. O antigo secretário pessoal de João Paulo II destacou a sua “coragem e
convicção” na defesa da família. Uma grande ovação saudou o cardeal Dziwisz, no começo
e ao final de sua intervenção sobre “João Paulo II, o Papa da família e da vida”.
“Tendo em conta a história da sua vida sacerdotal, João Paulo II pode ser definido
como um dos maiores pastores da família na história da Igreja Católica do século XX
e começo do XXI”, disse. “Todo o seu pensamento teológico-filosófico, bem como
o seu serviço pastoral à família e à vida, não se iniciou coma sua eleição ao Primado
de Pedro, mas foi amadurecendo ao longo da sua vida e do seu serviço pastoral como
sacerdote, bispo e, por fim, como Papa”, acrescentou o Arcebispo de Cracóvia. O
Cardeal Dziwisz assinalou que a principal característica do trabalho pastoral de Karol
Wojtyla com a família foi “a profunda reflexão que sempre acompanhou o que ele realizava,
propunha ou aconselhava às pessoas”. Entre os problemas que o afectavam de forma
especial, recordou, estava “a questão da contracepção e do triste pecado, que clama
ao céu, do infanticídio, ou seja, o aborto”. “João Paulo II foi o grande apóstolo
da vida na família. Serviu a estes valores com toda a sua inteligência e com todas
as suas forças”, concluiu. ( ZENIT )