Bento XVI reza pelas vitimas do acidente no Metro de Valencia, e recorda aos bispos
espanhóis que o mundo necessita que se anuncie e testemunhe Deus que é amor
Bento XVI foi recebido neste sábado em Valência com grande entusiasmo por milhares
de valencianos e peregrinos de todas as partes do mundo, que ali se encontram para
o encerramento do V Encontro Mundial das Famílias. A cidade vestiu-se de branco e
amarelo para receber o Santo Padre que chegou por volta das 11h30 da manhã, hora local,
no aeroporto Internacional de Valencia – Manises. O Santo Padre foi recebido no aeroporto
pelo Rei de Espanha, Juan Carlos de Borbón, pelas autoridades locais civis, militares
e religiosas. Depois do discurso do Rei e das primeiras palavras em terras valencianas,
o Papa, modificando o itinerário do seu programa, fez uma breve paragem na estação
do metro Jesus, local do terrível acidente ocorrido na última segunda-feira, e que
causou a morte de 42 pessoas e ferimentos em outras 40. Um acidente que abalou a cidade
de Valencia e os participantes do V Encontro Mundial das Famílias. O Santo Padre quis
que o seu primeiro acto fosse a oração pela vítimas do acidente. O Papa também fez
uma saudação aos parentes das vítimas quando da sua visita à Basílica de Nossa Senhora
dos Desamparados. A Comissão de animação do V Encontro Mundial das Famílias convocou
todos os valencianos e peregrinos presentes na cidade para que fizessem parte da grande
corrente humana de 11 Km, que abraçou todo o percurso que fez Bento XVI, desde a
sua chegada ao aeroporto de Valenciaa até á Catedral da cidade, onde o Papa se encontrou
com os sacerdotes, religiosos e religiosas e irmãs de clausura, cerca de 1.500 pessoas.
O Papa esteve acompanhado pelo arcebispo de Valencia, Dom Agustin Garcia-Gasco. Bento
VI foi recebido ao som do canto “Benedictus” executado pelo coral da catedral. O Santo
Padre venerou o Santíssimo e visitou a capela do Santo Cálice, onde estavam reunidos
os bispos espanhóis, cerca de 100. Diz a tradição que o Santo Cálice conservado na
catedral de Valencia é o mesmo cálice que Jesus utilizou na última ceia para a instituição
do Sacramento da Eucaristia. O Papa assinou o livro de Honra, que recorda a sua visita
e a carta autografa endereçada a todos os bispos espanhóis; carta que entregou ao
Presidente da Conferência Episcopal, Dom Ricardo Blasquez, bispo de Bilbao. Em seguida
o Papa deixou a catedral e se dirigindo-se para a capela de Nossa Senhora dos Desamparado
que se encontra a 50 metros de distância, padroeira da cidade. Depois de alguns momentos
de oração o Papa saiu pela porta central da Basílica e na Praça da Virgem, recitou
a oração do Angelus.
Foi com palavras simples e afectuosas que Bento XVI
exprimiu as suas saudações, à chegada a Valência, incluindo desde logo uma referência
às vítimas do trágico acidente do metro valenciano, segunda-feira passada, assegurando
a sua participação na dor de todas as famílias enlutadas. E recordou o motivo
da sua visita: participar no Encontro Mundial das Famílias, que tem desta vez como
tema “A transmissão da fé na família”. “Desejo propor o papel central que tem,
para a Igreja e para a sociedade, a família fundamentada no matrimónio. É uma instituição
insubstituível, segundo os planos de Deus, e cujo valor fundamental a Igreja não pode
deixar de anunciar e promover, para que seja sempre vivido com sentido de responsabilidade
e alegria”. O Rei Juan Carlos, por seu lado, manifestou “honra e satisfação” por
receber Bento XVI na sua primeira visita a Espanha como Papa. Lembrando os laços seculares
que ligam o país e a Igreja Católica, o Rei prestou homenagem particular às figuras
de João Paulo II e de S. Francisco Xavier, cujo 5º centenário se assinala, “exemplo
de firmes convicções”.
A deslocação do Papa à catedral de Valência, incluiu,
como já dissemos, uma visita à “Capela do Santo Cálice”, onde se encontravam congregados
os bispos espanhóis. Bento XVI assinou ali a Carta que lhes quis dirigir, e que entregou
simbolicamente ao presidente da Conferência Episcopal.
Nessa mensagem o Papa
assegura acompanhar “de perto, com muito interesse, os acontecimentos da Igreja” em
Espanha, de profundas raízes cristãs e que tão grande aportação deu e continua a dar
ao testemunha da fé e à sua difusão em muitas outras partes do mundo”. Bento XVI pediu
aos prelados que mantenham “vivo e vigoroso este espírito que acompanhou a vida dos
espanhóis na sua história, para que continue a alimentar e dar vitalidade à alma do
vosso povo”. Na sua carta ao episcopado espanhol, o papa referiu com apreço o
dinamismo impresso à acção pastoral, “num tempo de rápida secularização, que por vezes
afecta a própria vida interna das comunidades cristãs”. “Continuai (exortou o Papa)
a proclamar sem desânimo que prescindir de Deus, actuar como se Ele não existisse
ou relegar a fé no âmbito meramente privado, mina a verdade do homem e hipoteca o
futuro da cultura e da sociedade. Pelo contrário, dirigir o olhar ao Deus vivo, penhor
da nossa liberdade e da verdade, é uma premissa para chegar a uma humanidade nova.
De modo especial hoje em dia – recorda o Papa na sua mensagem aos bispos espanhóis
– o mundo necessita que se anuncie e se testemunhe Deus que é amor e, portanto, a
única luz que , no fundo, ilumina a obscuridade do mundo e nos dá a força para viver
e actuar”. …………………..
Foi depois da visita à catedral, por volta das 13.30,
que Bento XVI se dirigiu a um numeroso grupo de seminaristas espanhóis, congregados,
juntamente com as respectivas famílias, no adro da sé valenciana. O Papa recordou-lhe
que é “o amor – entrega e fidelidade dos pais, assim como a concórdia na família –
o ambiente propício para escutar a chamada divina e acolher o dom da vocação”. E o
Santo Padre concluiu, antes da recitação do Angelus, convidando os seminaristas espanhóis
a aprenderem da Virgem Maria como se acolhe sem reservas – com alegria e generosidade
- esta chamada”.
Depois do almoço, no Palácio Episcopal, o Papa manterá
um encontro com a família real no Palácio Generalitat, e de retorno à Palácio Episcopal
encontrará o chefe de governo da Espanha, José Luís Rodriguez Zapatero. Às 21h
o Papa transferir- se- á para a Cidade das Artes e das Ciências para a conclusão
festiva do V Congresso Mundial das Famílias. A noite terminará com uma festa de fogos
de artifício que iluminará os céus de Valencia, nesta semana, capital mundial da família.
E neste domingo a missa conclusiva às 9h30 da manhã, com a participação prevista de
um milhão de pessoas. (Os nossos ouvintes do continente africano poderão seguir
esta celebração em reportagem directa, com comentários em francês nas frequências
de 13.765 e 15.570 kHz e em português na frequência de 17.590 khZ.