AUDIÊNCIA GERAL: A FÉ NÃO SE EXPRESSA ABSTRATAMENTE, MAS COM OBRAS DE BEM
Cidade do Vaticano, 28 jun (RV) - "A fé deve realizar-se na vida" e jamais
de modo abstrato. Desse modo, Bento XVI sintetizou o ensinamento da carta escrita
por um dos apóstolos _ Tiago, chamado "o menor" _ a cuja figura o Papa dedicou a catequese
da Audiência Geral de hoje.
Como já fizera na quarta-feira passada, Bento XVI
abreviou seu discurso, para não prolongar excessivamente, a presença dos milhares
de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, sob um calor intenso e abafado.
São
Tiago, definido por São Paulo como uma "coluna" da Igreja dos primeiríssimos tempos,
foi e é, ainda hoje, "um mestre de vida" para os cristãos. Foi identificado com o
apelativo de "pequeno", para distingui-lo do homônimo apóstolo Tiago, filho de Zebedeu
e irmão de João.
Em seu ciclo de catequeses sobre os discípulos de Cristo,
Bento XVI se deteve sobre as passagens históricas e sobre o "papel proeminente" que
Tiago, o menor _ quarta figura a ser examinada pelo Pontífice _ desempenhou "na Igreja
de Jerusalém". Em particular, no célebre Concílio durante o qual o apóstolo afirmou
que os pagãos podiam ser acolhidos na comunidade cristã mesmo sem submeter-se à circuncisão,
mas somente respeitando algumas normas da lei mosaica.
Uma tomada de posição,
explicou o Papa, que reconhece, por um lado, a religião judaica como "matriz perenemente
viva e válida" do Cristianismo, e, por outro, permite aos "gentios" convertidos a
Cristo conservar "a própria identidade sociológica".
"A herança mais importante
a nós deixada por São Tiago é a carta que traz o seu nome. Trata-se de um escrito
muito importante, que insiste muito sobre a necessidade de não reduzir a própria fé
a uma pura declaração verbal ou abstrata, mas expressá-la concretamente em obras de
bem" _ disse o Papa.
Portanto, o Cristianismo que emana do escrito de Tiago,
o menor, é um "Cristianismo concreto e prático", prosseguiu Bento XVI, e não uma vazia
declaração de intenções. Um Cristianismo de valores altos e radicados na Cruz de Jesus.
"São
Tiago, nessa carta, nos convida à constância nas provas alegremente aceitas e à oração
confiante, para obter de Deus o dom da sabedoria, graças à qual chegamos a compreender
que os verdadeiros valores da vida não estão nas riquezas transitórias, mas no saber
partilhar os próprios pertences com os pobres e os necessitados."
Por último,
concluiu o Santo Padre, a carta de Tiago "nos exorta a abandonar-nos nas mãos de Deus,
em tudo aquilo que fazemos, pronunciando sempre as palavras "Se Deus quiser"".
Antes
de concluir mais este encontro semanal com os fiéis e peregrinos provenientes dos
mais distantes países do mundo, Bento XVI saudou-os em suas respectivas línguas. Eis
o que disse em português... "Amados irmãos e irmãs: nossa catequese de hoje
discorreu sobre a figura do apóstolo São Tiago, o menor, a quem se atribui a carta
que leva o seu nome, a primeira das epístolas católicas. São Tiago empenhou-se na
difícil conciliação entre os cristãos de origem judaica e os provindos do paganismo.
Dele é a frase: "a fé sem obras é morta". Ele nos exorta a abandonar-nos nas mãos
de Deus, pronunciando sempre aquelas palavras "Se Deus quiser". A todos peregrinos
de língua portuguesa saúdo com votos de felicidades, especialmente os grupos de portugueses
aqui presentes, e o numeroso grupo de brasileiros. Que Deus vos abençoe e vos proteja!"(RL)