Amanhã Dia Mundial dos Refugiados em todo o mundo, sob o signo da "esperança"
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados escolheu a esperança para assinalar
o Dia Mundial dos Refugiados, que se comemora amanhã. “Se houver um traço em comum
entre os dez milhões de refugiados que o ACNUR apoiou ao longo de 55 anos é o facto
de terem perdido tudo, excepto a esperança”, escreveu António Guterres na sua mensagem
do Dia Mundial dos Refugiados. Neste data, o ex-primeiro-ministro português quer “honrar
os refugiados e os povos deslocados em todo o mundo que na força da esperança superam
todas as dificuldades para reconstruir as suas vidas”. “Cada refugiado tem uma história
diferente, mas colectivamente há uma história do triunfo da esperança sobre o desespero”,
salientou António Guterres.
De acordo com o alto comissário, mais de cinco
milhões de refugiados estiveram exilados mais de cinco anos, alguns deles durante
décadas. “Manter a sua esperança viva é a responsabilidade de todos, incluindo os
líderes internacionais, que devem fazer mais para resolver estas situações e para
se dirigir às causas da raiz do conflito”. Ontem, também o Papa Bento XVI lançou
um apelo em prol dos refugiados durante a oração do Angelus que proferiu da janela
dos seus aposentos.
Na véspera do dia mundial, o pontífice assegurou
a "solidariedade da Santa Sé" com todos os refugiados "obrigados a fugir da sua terra
devido a graves formas de violência". Bento XVI fez votos de que "os direitos de todas
essas pessoas sejam sempre respeitados" e incentivou as comunidades eclesiais "a responderem
às suas necessidades". Um relatório divulgado na semana passada pelo Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Refugiados revelava que o número de refugiados no mundo
em 2005 foi o mais baixo dos últimos 26 anos, mas houve mais 1,2 milhões de deslocados
internos em relação ao ano anterior. O documento global sobre refugiados em 2005 refere
que o número de refugiados desceu de 9,5 milhões em 2004 para 8,4 milhões no ano passado.
No entanto, o número de deslocados internos aumentou de 5,4 milhões em 13 países para
6,6 milhões em 16 países, ainda de acordo com o documento. Segundo o relatório, o
número de deslocados internos representa 32 por cento dos cerca de 21 milhões de pessoas
que recebem assistência do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados,
enquanto os refugiados são 40 por cento do total. Esta agência da ONU apoia ainda
1,6 milhões de refugiados e deslocados que regressaram a casa, 773 mil requerentes
de asilo, 2,4 milhões de apátridas e 960 mil pessoas que não conseguiram asilo apesar
de precisarem de protecção.