2006-06-14 12:20:38

Roma e Constantinopla: Igrejas verdadeiramente irmãs: Bento XVI, na audiência geral, falando de Santo André.


Depois de, nas semanas anteriores, ter falado do Apóstolo São Pedro, foi ao seu irmão Santo André que o Papa dedicou a catequese da audiência geral desta quarta-feira, comentando as passagens evangélicas que a ele se referem. Bento XVI sublinhou a especial “relação fraterna” que une as “Igrejas Irmãs” de Roma e de Constantinopla, correspondendo à relação dos dois irmãos, aos quais estas duas antigas sedes apostólicas estão desde sempre ligadas – tendo como patronos, respectivamente, Pedro e André.

Começando por observar que André é um nome grego, não hebraico, o Papa fez notar que, num episódio evangélico referido por S. João, André (juntamente com Filipe, também de nome grego), serviram – junto de Jesus - de intérpretes e mediadores de um pequeno grupo de gregos que queriam dirigir-se ao Mestre. Ora – prosseguiu Bento XVI - “tradições muito antigas” consideram André” como “apóstolo dos Gregos”, “anunciador de Jesus para o mundo grego”.
“Pedro, de Jerusalém, através de Antioquia veio ter a Roma, para aí exercitar a sua missão universal; André, por sua vez, foi o apóstolo do mundo grego: eles aparecem assim, tanto em vida como na morte, como verdadeiros irmãos – uma fraternidade que se exprime simbolicamente na relação especial existente entre as Sedes de Roma e de Constantinopla, Igrejas verdadeiramente irmãs”.
Bento XVI recordou que foi “para sublinhar esta relação” que o seu predecessor o Papa Paulo VI, em 1964, restituiu as relíquias de Santo André até então conservadas na basílica do Vaticano, ao Bispo metropolita ortodoxo da cidade de Patrassos , na Grécia, onde, segundo a tradição, o Apóstolo foi crucificado.
Foi em resposta a uma pergunta apresentada por André que Jesus referiu que “se o grão de trigo, que cai na terra, não morre, permanece só; mas se morre, produz muito fruto”. Neste contexto concreto – considerou o Papa – com estas palavras Jesus alude à fecundidade que a sua morte redentora terá no mundo grego, entre os pagãos, como fruto da sua Páscoa. Como se Jesus dissesse: “Da minha morte na Cruz virá a grande fecundidade: o ‘grão de trigo morto’ – símbolo de mim crucificado (diz Jesus) – tornar-se-á na ressurreição pão de vida para o mundo; será luz para os povos e as culturas. Sim, o encontro com a alma grega, com o mundo grego, realizar-se-á àquela profundidade a que alude o caso do grão de trigo que atrai a si as forças da terra e do céu e se tornar pão. Noutras palavras, Jesus profetiza a Igreja dos pagãos como fruto da sua Páscoa”
Na parte final da sua catequese, em italiano, nesta audiência geral, sobre a figura do Apóstolo Santo André, Bento XVI referiu ainda a tradição que refere a morte do irmão de Pedro, em Patrassos, crucificado não numa cruz como a de Cristo, mas sim numa em forma de xis, desde então designada precisamente como “cruz de Santo André”. Citado um texto do século VI intitulado “Paixão de André”, que põe na boca do Apóstolo palavras de profundo amor à “Cruz bem-aventurada”, entendida como “um dom”, que comunica grande alegria interior identificando com Jesus crucificado. “Temos aqui uma profundíssima espiritualidade cristã que vê na Cruz não tanto um instrumento de tortura mas sim o meio incomparável de uma plena assimilação ao Redentor. Devemos aprender daqui uma lição muito importante: as nossas cruzes adquirem valor se consideradas e acolhidas como parte da Cruz de Cristo, se banhadas pelo reflexo da sua luz. Bem conscientes que só a partir daquela Cruz os nossos sofrimentos assumem nobreza e o seu autêntico sentido”.


Presentes nesta quarta-feira, na Praça de São Pedro, para a audiência geral, peregrinos de língua portuguesa. O Papa dirigiu-lhes a palavra em português: RealAudioMP3
"Amados irmãos,
Nossa Catequese de hoje se centra na figura do Apóstolo André, irmão de Pedro. A Igreja bizantina honra-o com o nome de Protóklitos, ou seja o que foi “chamado por primeiro”, por ter sido o primeiro entre os apóstolos a seguir o Senhor. Depois dele viriam todos os demais, antes de mais Pedro, a quem o Messias confiaria a sua Igreja. André foi o apóstolo do mundo grego; por isso, ele exprime uma simbólica aliança entre a Igreja de Roma e a de Constantinopla.
Ao recorrer à intercessão deste grande apóstolo, peço a todos os peregrinos presentes de língua portuguesa, especialmente os grupos vindos de Portugal e do Brasil, que rezem pela unidade da Igreja e pela comunhão de todos os cristãos. Com a minha bênção Apostólica. "








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