SIDA: em 25 anos, 25 milhões de vitimas. A África epicentro mundial da epidemia
Passados 25 anos da identificação do vírus da SIDA, a doença já matou 25 milhões de
pessoas e ainda não foi descoberta uma vacina que possa alterar o destino dos actuais
38,6 milhões de infectados no mundo. Foi a 5 de Junho de 1981 que estudos realizados
no Centro de Saúde e Prevenção de Los Angeles, EUA, permitiram identificar o Vírus
da Imunodeficiência Humana (VIH) e determinaram que se tratava de uma doença epidémica.
Desde então, foram infectadas 65 milhões de pessoas, morreram 25 milhões e
os últimos dados do Programa da ONU para a SIDA (ONUSIDA), divulgados no final de
Maio, revelam um optimismo moderado porque apesar do número de infectados ser inferior,
no final de 2005, em relação ao ano anterior, a situação agravou-se nos países mais
pobres.
Os números agora apresentados representam o dobro do estimado pela
ONU na década de 1990 e relaciona a SIDA com a pobreza, dado que 95 por cento dos
doentes vivem em países em desenvolvimento.
Segundo as estimativas da ONUSIDA,
a América Latina tem entre 1,2 e 2,4 milhões de infectados, enquanto na América do
Norte e na Europa Central haverá cerca de dois milhões.
O Brasil, com 620.000
infectados, foi o primeiro país em desenvolvimento a introduzir o fornecimento de
antiretrovirais através do sistema público de saúde.
A Europa de Leste foi
das regiões em que o número de infectados mais cresceu no último ano, devido à proliferação
de drogas injectáveis.
No Médio Oriente e no norte de África, a prevalência
é relativamente baixa, embora tenha aumentado em países como a Argélia, Irão ou Marrocos.
Nos países ricos, os doentes têm acesso a medicamentos antiretrovirais, o
que significa que vivem mais tempo e em melhores condições. De acordo com a ONUSIDA,
as mulheres e as crianças são representam quase metade dos doentes em todo o mundo
e em África, na faixa etária dos 15 aos 24 anos, mais de 70 por cento dos infectados
são raparigas.
Após três dias de uma conferência sobre o tema, a ONU aprovou
sábado uma declaração em que 140 países se comprometem a promover o acesso universal
a antiretrovirais até 2010, e que estima que sejam necessária até lá 17,8 mil milhões
de euros para combate à doença.
No entanto, o secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, manifestou- se "desapontado" com esta declaração final, por considerar que
alguns países preferem "enterrar a cabeça na areia" por terem conseguido retirar do
documento as referências a homossexuais, prostitutas e drogados.
A nível de
investigação científica, apesar dos avanços ao nível dos antiretrovirais, que garantem
mais tempo e melhores condições de vida a quem os pode pagar, as vacinas até agora
testadas mostraram-se ineficazes no combate ao vírus.
E, após 25 anos de evolução,
apenas na semana passada uma equipa internacional de cientistas descobriu que o vírus
teve origem em chimpanzés da África Central que, no entanto, nunca desenvolveram a
doença. Falta descobrir porquê.
África é o continente mais afectado pelo vírus
da SIDA com 65 por cento do total no mundo, realidade que justifica a classificação
das Nações Unidas de "epicentro mundial da epidemia", identificada há 25 anos, a 5
de Junho.
À excepção da Índia, que no ano passado ultrapassou a África do
Sul como o país com maior número de infectados no mundo, os primeiros lugares da lista
dos piores são todos ocupados por países da África subsaariana, que conta com 24,5
milhões de infectados.
No Botsuana, Namíbia e Suazilândia, a taxa de prevalência
ultrapassa os 20 por cento, o que significa que a SIDA vai provocar a morte a um terço
dos jovens, com o consequente impacto negativo no desenvolvimento económico e demográfico
do continente.
Na África do Sul, há 5,5 milhões de infectados e, segundo as
estimativas da ONU, o facto de ser o país com maior número de infectados na África
subsaariana pode afectar toda a região, dado que desde o fim do apartheid se tornou
uma importante fonte de ajuda aos outros países do continente.
Passados 25
anos, já foram infectadas 65 milhões de pessoas e morreram 25 milhões.
Das
2,8 milhões de mortes registadas só no ano passado, dois milhões ocorreram na África
subsaariana, que tem ainda cerca de 15 milhões de órfãos devido à doença.
A
relação causa/efeito entre SIDA e pobreza comprova-se no "continente negro", onde
apenas 810.000 pessoas recebem tratamento antiretroviral, dos cinco milhões que precisam
urgentemente.
Esta combinação entre SIDA e pobreza faz com que o continente
africano esteja constantemente na agenda dos países doadores, mas, segundo organizações
humanitárias e a própria ONU, a ajuda nunca é suficiente.