Vigilia de Pentecostes na Praça de São Pedro. Quatrocentos mil em festa com o Papa
que reafirma a importância dos movimentos laicais na Igreja, e convida a defender
a vida e a não viver no egoismo.
Foi num ambiente verdadeiramente festivo que cerca de 400 mil membros de movimentos
eclesiais e novas comunidades se reuniram em volta do Papa, para a Vigília do Pentecostes,
no Vaticano – algo que aconteceu apenas pela segunda vez em oito anos. Bento XVI
saudou os presentes e, na homilia da celebração de Vésperas a que presidiu, destacou
o papel destas realidades eclesiais – que explodiram após a segunda metade do século
XX – como “escolas de liberdade”. Os novos movimentos eclesiais caracterizam-se,
sobretudo, pelo facto se dirigirem principalmente a fiéis leigos para ajudá-los a
viver como católicos na sua vida quotidiana. O Papa pediu que estes movimentos
sejam seus colaboradores na construção de uma Igreja “ao serviço dos homens, em particular
dos mais pobres”. “Queridos amigos, peço-vos que sejais, ainda mais, colaboradores
do ministério apostólico universal do Papa, abrindo as portas a Cristo. Este é o melhor
serviço da Igreja aos homens e de maneira muito particular aos pobres, para que a
vida da pessoa humana, uma ordem mais justa da sociedade e a convivência pacifica
entre as nações encontrem em Cristo a pedra angular, sobre a qual construir a autentica
civilização, a civilização do amor. O Espírito Santo dá aos crentes uma visão superior
do mundo, da vida, da historia e fá-los guardiãos da esperança que não desilude” O
Papa optou por valorizar o papel de movimentos e comunidades, na Igreja, face aos
desafios e erros da cultura contemporânea, em especial o de “gozar a vida”. Partindo
da parábola evangélica do filho pródigo, Bento XVI falou dos perigos de uma falsa
noção de liberdade, definida como “fazer tudo o que se quer”. As consequências desse
conceito egoísta são, segundo o Papa, “a destruição da liberdade e da vida”. Neste
contexto, os movimentos nasceram “da sede de uma vida verdadeira” e devem ser “escolas
de liberdade”. 123 movimentos, associações, comunidades e experiências eclesiais
de base estiveram presentes na Praça de São Pedro. Para o presidente do Conselho Pontifício
para os Leigos (CPL), Arcebispo Stanislaw Rylko, esta presença massiva representa
a vontade de “dizer mais uma vez ao sucessor de Pedro que estamos prontos para a missão
e que a Igreja pode contar connosco”. Os movimentos eclesiais e novas comunidades
já têm uma história de várias décadas e uma grande implantação na Igreja. A maioria
destas realidades já obteve o reconhecimento canónico da Santa Sé. Em Novembro
de 2004, o CPL publicou o primeiro Directório dos movimentos e comundades internacionais
de leigos, um guia onde é possível encontrar 123 associações.400