Em Timor Leste dificuldade nas operações de apoio humanitário aos milhares de desalojados,
devido á falta de segurança
A falta de segurança, aliada à acção de grupos armados e "oportunistas" está a dificultar
as operações de apoio humanitário a mais de 50.000 desalojados que o governo timorense
está a efectuar, disse hoje o ministro do Trabalho e Solidariedade. Em entrevista
à Lusa, Arsénio Bano referiu que apesar dos vários apelos nesse sentido não há qualquer
segurança para os cerca de 100 funcionários do Estado e 50 voluntários envolvidos
no apoio aos desalojados, espalhados em vários centros de acolhimento na capital timorense. Quer
as autoridades timorenses quer responsáveis internacionais têm, nos últimos dias,
referido que eclodiram confrontos entre os desalojados. O responsável citou relatórios
de lutas entre grupos de desalojados e falou de rumores de que foram infiltradas armas
em alguns dos campos da capital timorense. Muitas pessoas deixaram as suas casas
e estão agora em campos improvisados, na sequência da instabilidade e violência que
se vive em Timor-Leste desde o mês passado. "As pessoas procuraram segurança nesses
locais e descobriram que basicamente estão por conta própria", lamentou o responsável
das Nações Unidas, acrescentando que esses timorenses estão a viver uma situação desesperada,
amontoados, sem privacidade, ao calor e com falta de água. Especificamente Arsénio
Bano considera essencial fornecer segurança à sede do próprio Ministério do Trabalho
e Solidariedade e aos seus funcionários; aos armazéns de bens essenciais do Estado
e às colunas que transportam o material para os campos de deslocados. A maior concentração
de deslocados, cerca de 20.000 está no centro de formação Don Bosco, na zona de Campo
Baru, na zona ocidental da cidade, com grandes concentrações também no complexo das
Canossianas, em Comoro, e no Seminário , em Fatumeta. Questionado sobre a situação
noutras zonas de Timor- Leste, Arsénio Bano aludiu a problema de falta de comida e
água nas zonas de Liquiçá, Ermera e Aileu, a oeste e a sudoeste da capital. O Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) anunciou sexta-feira o envio
para Timor- Leste de uma equipa de emergência para reforçar o pessoal já no terreno,
que apoia dezenas de milhares de pessoas deslocadas. As Nações Unidas calculam
que há entre 100.000 e 110.000 pessoas deslocadas no país, 65.000 das quais a viver
em 30 acampamentos em Díli, e outras 35.000 que fugiram para o interior. O governo
timorense estima que em Díli actualmente haja cerca de 50.000 deslocados.