D. Ximenes Belo, Bispo emérito de Díli e Prémio Nobel da Paz em 1996, teme que os
confrontos em Timor Leste comprometam o futuro do país e levem a uma guerra civil.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o Bispo lamenta a “divisão artificial” que se tem
vindo a criar entre Lorosae e Loromono, entre Leste e Oeste da Ilha. “É preciso
pensar no futuro, porque o problema é muito, muito grave: se agora começar a haver
esta divisão étnica – que não existia, mas é fabricada -, isso é muito perigoso e
as pessoas podem entrar em guerra civil e acabar com Timor”, alerta. Por isso,
D. Ximenes espera que os responsáveis políticos, em especial o presidente e o primeiro-ministro,
cooperem com a sociedade civil e a Igreja “para que haja um clima de paz”. A reunião
de hoje do Conselho de Estado de Timor-Leste foi interrompida, após mais de nove horas,
e recomeçará terça-feira de manhã, em Díli. “É com tristeza e profunda emoção
que sigo esta situação em Timor, vendo os meus irmãos, católicos, a matarem-se uns
aos outros, incendiarem casas, praticarem a violência. Trabalhámos tanto no tempo
indonésio para haver paz, reconciliação, justiça, independência e liberdade, mas afinal
foi tudo por água abaixo”, lamentou. O Bispo apela à criação de uma “comissão
alargada” de reconciliação, “porque esta é a raiz para resolver todos os problemas”.
“Todos os dias rezo pelos timorenses e espero que os líderes civis deponham as
armas e entrem em conversações, para resolver este caso”, conclui.