BENTO XVI NA AUDIÊNCIA GERAL: "CAMINHO DA FÉ NÃO É UMA MARCHA TRIUNFAL"
Cidade do Vaticano, 24 mai (RV) - "A escola da fé não é uma marcha triunfal,
mas um caminho constelado de sofrimentos e de amor, de provações e de fidelidade a
ser renovado todos os dias."
Na Audiência Geral desta quarta-feira, Bento XVI
continuou sua meditação sobre a figura de Pedro, considerando hoje, dois acontecimentos
importantes na vida do apóstolo: a multiplicação dos pães e a missão que Jesus lhe
confia, de ser pastor da Igreja.
Nesse contexto, o Papa destacou "os riscos
relacionados com a fraqueza humana", como provas a serem superadas no percurso da
fé; "diante desses riscos nem Pedro era salvaguardado, pela sua generosidade impulsiva".
O
Santo Padre lembrou que "não era fácil, para o povo e nem mesmo para os discípulos,
compreender as palavras do Mestre, assim como todo o seu comportamento; as suas palavras
"duras" (quem come a minha carne e bebe o meu sangue..., é necessário renascer, mesmo
sendo velho...), colocava à prova a sua fé; muitos discípulos se retiravam.
As
palavras de Jesus eram difíceis também para Pedro que, em Cesaréia de Filipe, se opôs
à profecia da cruz. Mas quando Jesus perguntou aos Doze: "Quereis, vós também, retirar-vos?",
Pedro reagiu com o impulso do seu coração generoso e, em nome de todos, respondeu
com palavra imortais, que são também as nossas palavras: "Senhor, a quem iríamos nós?
Tu tens palavras da vida eterna."
A generosidade impetuosa de Pedro não o salvaguarda,
contudo, dos riscos relacionados com a fraqueza humana. É o que, de resto, também
nós podemos reconhecer com base na nossa vida. Pedro seguiu Jesus com entusiasmo,
superou a prova da fé, abandonando-se a Ele. Mas chegou a hora em que também ele cede
ao medo e cai: trai o Mestre, disse o Pontífice.
"A escola da fé _ enfatizou
Bento XVI _ não é uma marcha triunfal, mas um caminho disseminado de sofrimento e
de amor, de provações e de fidelidade a se renovar todos os dias. Pedro, que havia
prometido fidelidade absoluta, conhece a amargura e a humilhação da renegação: o afoito
aprende, às suas custas, a humildade. Também Pedro deve aprender a ser fraco e necessitado
de perdão. Quando finalmente lhe cai a máscara e compreende a verdade do seu coração
fraco e pecador, explode num pranto liberatório de arrependimento. Depois desse pranto,
ele está pronto para a sua missão."
Com efeito, continuou o Papa, quando Jesus
lhe confiou a missão de pastorear o rebanho e lhe entregou as chaves do reino, com
o poder de ligar e desligar, a partir daquele dia _ ressaltou Bento XVI _ "Pedro seguiu
o Mestre , com a consciência precisa da sua fraqueza. Mas essa consciência não o desencorajou".
"Pedro
_ disse ainda o Papa _ sabia que podia contar com a presença do Ressuscitado ao lado
dele. E dos entusiasmos ingênuos da adesão inicial, passando através da experiência
dolorosa do renegamento, e do pranto da conversão, Pedro chegou a entregar-se àquele
Jesus que se adaptou à sua pobre capacidade de amar."
Cerca de 35 mil fiéis,
peregrinos e turistas participaram da Audiência Geral do Papa, na Praça São Pedro
_ a última antes da sua viagem apostólica à Polônia.
O Papa confiou aos fiéis,
suas expectativas pela visita à Polônia, na véspera de sua partida _ amanhã _ para
Varsóvia.
Trata-se da sua segunda viagem ao exterior, depois da que ele fez
a Colônia, em agosto passado, para o XX Dia Mundial da Juventude. "Sede firmes na
fé": é o lema que Bento XVI escolheu para sua visita à Polônia.
Ao término
de sua catequese, o Papa saudou também os fiéis e peregrinos de língua portuguesa,
presentes na Praça São Pedro: "Saúdo também o grupo vindo do Brasil e demais
peregrinos de língua portuguesa, desejando que esta visita aos lugares santificados
pela pregação e martírio do apóstolo Pedro a todos fortaleça na fé e consolide, no
amor divino, os vínculos de cada um com a sua família, comunidade eclesial e civil.
A virgem vos acompanhe e proteja!" (PL)