BENTO XVI EXORTA AO RESPEITO RECÍPROCO NO DIÁLOGO ENTRE CRISTÃOS E MUÇULMANOS
Cidade do Vaticano, 15 mai (RV) - Os cristãos são chamados a cultivar o diálogo
inter-religioso, sem renunciar à própria identidade: foi a exortação de Bento XVI,
esta manhã, aos membros da assembléia plenária do Pontifício Conselho da Pastoral
para os Migrantes e os Itinerantes.
Esse organismo vaticano, presidido pelo
Cardeal Renato Raffaele Martino, está reunido a partir de hoje, no Vaticano, debatendo
o tema "Migração e mobilidade de e para os países de maioria islâmica".
Em
seu pronunciamento, o Papa reiterou que o diálogo deve sempre fundar-se no respeito
recíproco.
"A Igreja Católica se conscientiza sempre mais de que o diálogo
inter-religioso faz parte de seu compromisso a serviço da humanidade, no mundo contemporâneo"
_ ressaltou o Santo Padre, falando sobre a migração nos países muçulmanos. Um fenômeno
_ disse _ que merece "uma reflexão específica, porque a identidade islâmica é uma
identidade característica, do ponto de vista religioso e cultural."
"Estamos
vivendo tempos, nos quais os cristãos são chamados a cultivar um estilo de diálogo
aberto sobre o problema religioso, não renunciando a apresentar aos interlocutores,
a proposta cristã em coerência com a própria identidade. Percebe-se sempre mais intensamente,
a importância da reciprocidade no diálogo, reciprocidade que a instrução "Erga caritas
Christi" (a caridade de Cristo em relação aos imigrantes, ndr) define justamente como
um "princípio" de grande importância."
Os esforços que estão sendo feitos em
muitas comunidades, para tecer com os imigrantes, relações de mútuo conhecimento e
estima _ que se mostram muito úteis para superar preconceitos e fechamento mental
_ testemunham que esse compromisso é importante e delicado, acrescentou o Santo Padre.
"Obviamente
_ observou Bento XVI _ se espera que também os cristãos que emigram para países de
maioria islâmica, encontrem o acolhimento e respeito de sua identidade religiosa."
Desse
modo, o Papa ressaltou a necessidade que, na sua "ação de acolhimento e de diálogo
com os imigrantes e os itinerantes, a comunidade cristã" tenha "Cristo como constante
ponto de referência" que nos deixou "o mandamento novo do amor".
Os cristãos
devem "abrir o coração especialmente aos pequenos e aos pobres" nos quais o próprio
Cristo está presente. "Assim fazendo _ reiterou o Pontífice _ manifestam o caráter
mais qualificador e próprio da identidade cristã."
Por sua vez, o Cardeal Renato
Raffaele Martino fez o pronunciamento inaugural da plenária do Pontifício Conselho
da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, ressaltando a urgência de um "franco
e leal diálogo inter-religioso". O novo presidente do organismo vaticano deu ênfase
à utilidade de uma adequada integração social e cultural com observância das vigentes
leis civis.
-O Cardeal Martino indicou a necessidade de um recíproco entendimento,
necessário a resolver positivamente os problemas apresentados pelo crescente número
de migrantes "de" e "para" os países de maioria muçulmana. Princípio _ observou o
purpurado _ que deve ser entendido "não como uma atitude puramente reivindicativa,
mas como relação fundada no respeito recíproco e na justiça nos tratamentos jurídico-religiosos".
Pensamos
_ recordou o Cardeal Martino _ "também nos numerosos imigrantes cristãos em países
com maioria não-cristã da população, onde o direito à liberdade religiosa é fortemente
restrito e desrespeitado".
O purpurado fez votos de que, por parte dos muçulmanos,
haja uma crescente tomada de consciência sobre o imprescindível exercício das liberdades
fundamentais, dos direitos invioláveis da pessoa, da paridade de dignidade da mulher
e do homem e, ainda, do princípio democrático no governo da sociedade e da sadia laicidade
do Estado.
Ele concluiu, reiterando que, em geral, se deve desaconselhar o
matrimônio entre católicos e muçulmanos e que, no caso em que se celebre, com a devida
dispensa e uma adequada preparação, tal matrimônio deve ter o apoio da comunidade
cristã. (RL)