CHINA ORDENA MAIS UM BISPO SEM A AUTORIZAÇÃO DA SANTA SÉ
Pequim, 15 mai (RV) - Dom Zhan Silu, de 45 anos de idade, é o novo Bispo da
Associação Católica Patriótica _ a Igreja Católica oficialmente reconhecida pelo governo
de Pequim. Ele foi ordenado ontem, domingo, mais uma vez _ como nas ordenações de
30 de abril e 3 de maio _ em claro desafio à Igreja de Roma. Ele foi destinado à diocese
de Mindong, na província de Fujian.
"Na verdade, Dom Zhan fora consagrado bispo
em 2000, mas atuava como bispo auxiliar. Ontem, para marcar sua tomada de posse oficial
da diocese, ele celebrou a santa missa pela primeira vez, como bispo. No ano passado,
com a morte do bispo titular daquela diocese, ele o substituiu automaticamente": foram
as informações de Liu Bainian, vice-presidente e porta-voz da Associação Católica
Patriótica.
"A celebração eucarística de hoje assinala apenas a conclusão das
obras feitas na igreja e dirigidas por Dom Zhan e, por isso, nada tem a que ver com
o Vaticano, não sendo necessária, portanto, a aprovação da Igreja em Roma" _ acrescentou
Liu Bainian.
Dominique Yung, secretário pessoal do Bispo de Hong Kong, Cardeal
Joseph Zen Ze-kiun, informou que, apesar de sua ordenação episcopal remontar a 2000,
Dom Zhan Silu jamais teve sua consagração a bispo aprovada pela Santa Sé.
A
atribuição do governo pastoral da diocese a Dom Zhan Silu, por parte da Associação
Católica Patriótica, implica uma nova ação de rebeldia do governo chinês em relação
à Igreja Católica, lançando por terra os esforços de reaproximação que vinham sendo
realizados nos últimos meses.
A China e o Vaticano romperam seus laços diplomáticos
em 1951, depois que a Igreja em Roma excomungou três bispos nomeados unilateralmente
por Pequim. Para obter essa "reconciliação" _ que o Papa Bento XVI evidenciou como
um dos objetivos de seu pontificado _ a China exige que o Vaticano rompa relações
diplomáticas com Taiwan, que Pequim considera apenas como uma "província rebelde".
Além disso, pretende que a Santa Sé renuncie à nomeação dos bispos chineses, porque
considera essa prerrogativa como uma "ingerência em seus assuntos internos".
Ninguém
sabe ao certo o número de católicos na China. Sabe-se apenas que estão divididos entre
os seguidores da Associação Católica Patriótica (oficial) e a Igreja Católica (clandestina),
e que se têm aproximados reciprocamente, nos últimos tempos, segundo os analistas.
(AF)