2006-05-11 14:52:34

O ministério dos padres é absolutamente indispensável para a vida da Igreja: recordou Bento XVI, recebendo os Bispos do Québec.


Concluída a quinquenal visita “ad limina Apostolorum” do primeiro de quatro grupos do episcopato canadiano, constituído pelos bispos do Quebec, zona francófona do país, de tradição católica, outrora com elevada taxa de praticantes e hoje em dia, como todas as outras zonas, anglófonas, a braços com uma secularização radical que relega a fé e a vida religiosa e eclesial para a esfera privada.
Em 2008, ano em que comemora os 400 anos da sua fundação, o Québec celebrará o Congresso Eucarístico Internacional, tendo como tema “a Eucaristia, dom de Deus para a vida do mundo”. Recebendo nesta quinta-feira os Bispos do Québec, foi precisamente com uma referência à Eucaristia que Bento XVI iniciou o discurso que lhe dirigiu, encorajando-os a promoverem nas suas dioceses “uma renovação do sentido e da prática da Eucaristia”. O que passa, entre outras coisas, pela participação na Missa dominical, necessária ao incremento e à expressão coerente da fé cristã. “De facto – advertiu o Papa – é a Eucaristia que nos une e nos conforma ao Filho de Deus. A Eucaristia constrói também a Igreja, consolida-a na sua unidade de Corpo de Cristo; nenhuma comunidade cristã se pode edificar se não tiver a sua raiz e o seu centro na celebração eucarística”.


Como tantas outras Igrejas locais, a Igreja no Québec vê-se confrontada com uma crescente diminuição do número de padres, tornando por vezes impossível assegurar a celebração, em certos lugares, da missa dominical. Perante esta situação de facto, Bento XVI advertiu que “as necessidades da organização pastoral não devem comprometer a autenticidade da eclesiologia que nela se exprime”. “O sacerdócio ministerial é indispensável à existência de uma comunidade eclesial. A importância do papel dos leigos – cuja generosidade ao serviço das comunidades cristãs eu saúdo – nunca deve ocultar o ministério absolutamente indispensável dos padres para a vida da Igreja. O ministério do padre nunca pode ser confiado a outras pessoas, sob pena de causar dano na prática à autenticidade do próprio ser da Igreja”.


Como sinais de esperança, Bento XVI recordou a renovação suscitada em muitos jovens pelas Jornadas Mundiais da Juventude de Toronto, assim como a celebração do Ano da Eucaristia. O Papa voltou assim a recordar a importância do culto e da oração eucarísticas, nomeadamente da “adoração silenciosa, em atitude de amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento”. Uma “experiência” (disse), de onde seguramente provêm “força, consolação e apoio”.
Neste contexto, o Papa evocou as pessoas consagradas , tanto na vida contemplativa e no “generoso serviço da actividade catequética e caritativa”, como também pela “proximidade com as pessoas mais desfavorecidas da sociedade, manifestando assim a bondade do Senhor pelos pequenos e pelos pobres. Bento XVI sublinhou a importância das pessoas consagradas, com “uma vida espiritual intensa”, proclamarem que “Deus basta para dar à existência humana a sua plenitude”. Por outro lado, recordou ainda, é fundamental que vigore uma “sólida comunhão eclesial” entre os institutos de vida consagrada e os pastores da Igreja:


“A vida consagrada é um dom de Deus para bem de toda a Igreja, ao serviço da vida do mundo. È portanto necessário que se desenvolva numa sólida comunhão eclesial. Os desafios com que se confronta a vida consagrada só podem ser enfrentados manifestando uma profunda unidade entre os seus membros e com o conjunto da Igreja e dos seus pastores. Convido pois todas as pessoas consagradas, homens e mulheres, a incrementarem o seu sentido eclesial e o seu esforço em trabalharem em colaboração cada vez mais estreita com os seus pastores, acolhendo e difundindo a doutrina da Igreja na sua integridade e na sua integralidade”. O que exige e pressupõe –advertiu Bento XVI – “uma justa interpretação do Concílio Vaticano II, “numa hermenêutica da reforma, da renovação na continuidade, do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos deu”.








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