2006-05-05 18:53:52

PESAR DO PAPA PELAS ORDENAÇÕES EPISCOPAIS NA CHINA


Cidade do Vaticano, 04 mai (RV) - O Papa recebeu "com profundo pesar" a notícia da ordenação episcopal de dois sacerdotes, ocorrida nos dias passados na China continental, "sem mandato pontifício". É o que se lê numa declaração divulgada hoje, pelo porta-voz da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls.

"Trata-se de uma grave ferida à unidade da Igreja _ afirma a nota _ para a qual são previstas severas sanções canônicas", entre as quais a "excomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica", (isto é, a qual se atrai "pelo próprio fato do delito cometido"), quer para quem "sem mandato pontifício consagra um bispo", quer para quem recebe tal consagração (cânon 1.382 do Código de Direito Canônico).

A declaração se refere às ordenações episcopais dos sacerdotes Pe. Joseph Ma Yinglin e Joseph Liu Xinhong, que tiveram lugar, respectivamente, no dia 30 de abril passado, em Kunming, província de Yunnan, e 3 de maio, em Wahu, província de Anhui.

"Segundo as informações recebidas _ disse Navarro-Valls _ bispos e sacerdotes teriam sido submetidos, por parte de organismos externos à Igreja, a fortes pressões e a ameaças, a fim de que participassem das ordenações episcopais que, sendo desprovidas do mandato pontifício, são ilegítimas e contrárias à sua consciência. Vários prelados opuseram uma rejeição a análogas pressões, já outros não puderam fazer outra coisa a não ser ceder a tais pressões com grande sofrimento interior. Episódios dessa natureza produzem dilacerações não somente na comunidade católica, mas também no âmago das consciências. Encontramo-nos, portanto, diante de uma grave violação da liberdade religiosa, não obstante se tenha procurado como pretexto, apresentar as duas ordenações episcopais como um ato imperioso para prover de um pastor, as dioceses vacantes."

"A Santa Sé _ prossegue a nota _ segue com atenção o difícil caminho da Igreja Católica na China e, embora consciente de algumas peculiaridades de tal caminho, pensava e esperava que tais episódios deploráveis pertencessem ao passado."

A Igreja considera agora, seu preciso dever, dar voz ao sofrimento de toda a Igreja Católica, em particular ao sofrimento da comunidade católica na China e especialmente dos bispos e sacerdotes, que se vêem obrigados, contra a própria consciência, a realizar ou participar de ordenações episcopais que nem os candidatos nem os bispos consagrantes querem efetuar, sem ter recebido o mandato pontifício.

"Se corresponde à verdade a notícia segundo a qual deveriam ter lugar outras três ordenações episcopais segundo as mesmas modalidades, a Santa Sé reitera a necessidade do respeito à liberdade da Igreja e da autonomia das suas instituições, de toda e qualquer ingerência externa, fazendo votos, porém, de que não se repitam tais inaceitáveis atos de violenta e repudiável coação."

"A Santa Sé, em várias ocasiões, reiterou sua disponibilidade a um diálogo honesto e construtivo com as autoridades chinesas, para encontrar soluções que satisfaçam as legítimas exigências de ambas as partes. Mas iniciativas como essa _ conclui a nota _ não somente não favorecem tal diálogo, mas criam novos obstáculos." (RL)







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