O trabalho infantil diminuiu em 2004, o que acontece pela primeira vez desde 1992,
segundo o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ontem apresentado
em Genebra. O estudo indica que 218 milhões menores trabalham, representando uma diminuição
de 11% relativamente a 2000 (246 milhões).
A quebra mais acentuada verifica-se
no grupo etário dos 5 aos 14 anos. Há menos 33% destas crianças a trabalhar. Também
se regista uma quebra significativa no número dos que executam tarefas consideradas
perigosas, menos 26% em quatro anos, passando de 171 milhões para 126 milhões.
A
América Latina e as Caraíbas são as zonas que mais contribuíram para o declínio do
trabalho infantil no mundo. O número de crianças a trabalhar nestas regiões baixou
dois terços, representando actualmente 5% da população infantil.
No lado oposto
está a África Subsariana, onde 50 milhões de menores trabalham, o que equivale a 26%
da totalidade dos menores da zona. O forte crescimento demográfico, a pobreza e a
epidemia da sida são os principais obstáculos para uma diminuição do trabalho infantil
na região.
A Ásia e o Pacífico também registaram uma baixa significativa, mas
que se deve, em parte, ao decréscimo da população com menos de 18 anos. Apesar da
quebra, continuam a concentrar o maior número das crianças que trabalham, num total
de 122 milhões.
O Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil,
da OIT, existe desde 1992 e esta é a primeira vez que se registam melhorias.
Apesar
da evolução positiva, o relatório foi apresentado com grande prudência pelo director
da OIT, Juan Somavia. Este considerou que se "estava no bom caminho no combate ao
trabalho infantil", mas que o objectivo final será eliminar "todas as formas de trabalho
entre as crianças". Acrescentou ainda que espera acabar com os trabalhos considerados
perigosos em dez anos.
O combate ao trabalho infantil deve incidir prioritariamente
no sector agrícola. Sete em cada dez crianças que trabalham estão na agricultura.
As outras três dividem-se entre a indústria (duas) e os serviços (uma). A OIT atribui
a descida do trabalho infantil à progressiva adesão dos Estados às suas normas e ao
empenho político daqueles na redução da pobreza, no fomento da educação básica e na
promoção dos direitos humanos. Lugar de destaque é atribuído ao Programa Internacional
de Eliminação do Trabalho Infantil, a maior iniciativa no seu género e o maior programa
operacional da organização. Desde que foi estabelecido, em 1992, já investiu 350 milhões
de dólares, com despesas anuais actuais em torno dos 50 ou 60 milhões de dólares.