2006-05-03 18:37:07

DIFÍCEIS RELAÇÕES ENTRE SANTA SÉ E CHINA


Hong Kong, 03 mai (RV) - O Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, Bispo de Hong Kong, pede o rompimento do diálogo entre a Santa Sé e Pequim, em vista da normalização das relações diplomáticas, como resposta à nomeação de dois novos bispos, por parte das autoridades chinesas, sem autorização da Igreja em Roma.

Em declarações ao jornal "South China Morning Post", o Cardeal Zen Ze-kiun disse que "o diálogo não pode continuar, porque vão achar que a Igreja está disposta a se render". No seu parecer, a Santa Sé deveria manifestar "uma forte reação" nos próximos dias, "para sublinhar a seriedade da questão".

O Cardeal-bispo de Hong Kong é o mais ativo defensor da Santa Sé na China. Ele considerou a sagração de Pe. Ma Yinglin como Bispo de Kunming, no domingo, e de Pe. Liu Xinhong para a Diocese de Anhui, prevista para os próximos dias, como um ato "contra o diálogo espiritual" entre Roma e Pequim.

O Cardeal acusou o vice-presidente da Associação Católica Patriótica (a Igreja Católica oficialmente considerada na China), Liu Bainian, de orquestrar a batalha, para ganhar posições antes da definitiva normalização das relações e, assim, boicotar o processo de restabelecimento dos contatos bilaterais.

"É uma opinião pessoal, não quero comentar" _ respondeu Liu. Ele disse que as nomeações se justificam porque "das 97 dioceses da China, 44 não têm um bispo". "É necessário divulgar a Palavra de Deus. Não podemos esperar até que melhorem as relações entre a China e a Santa Sé" _ argumentou.

A Associação Católica Patriótica foi criada após a ruptura das relações diplomáticas entre Pequim e a Santa Sé, em 1951, sob o regime comunista. Os católicos oficialmente considerados são cerca de cinco milhões. Mas os católicos na China são também uma realidade submersa: de fato, a Igreja Católica chamada "clandestina", cujos fiéis e clero são perseguidos pelas autoridades governamentais, soma mais de oito milhões de adeptos.

Há meses, a Igreja em Roma e Pequim mantêm intensos contatos, no intuito de normalizar a situação. O governo chinês impõe duas condições: que a Santa Sé rompa suas relações diplomáticas com Taiwan (que Pequim considera uma "província rebelde" e não uma Nação soberana) e que "não interfira" em seus assuntos internos, entre os quais contempla a nomeação de bispos e o funcionamento das dioceses. (SP)







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