União Europeia dividida sobre os trabalhadores do Leste europeu
A adesão dos países do Leste à União Europeia, há dois anos, surgiu para muitos trabalhadores
como uma esperança de novas oportunidades de trabalho nos Estados membros mais "antigos".
No entanto, para entrarem e trabalharem livremente em alguns desses países mais "antigos"
ainda será preciso mais algum tempo de espera.
Desde ontem, Portugal, Grécia,
Espanha e Finlândia juntaram-se ao Reino Unido, Irlanda e Suécia, na abertura das
suas fronteiras à mão -de -obra dos novos Estados membros do Leste. Porém, os restantes
parceiros estão reticentes ou pretendem ganhar mais algum tempo, até verificarem se
as suas economias - ou opiniões públicas - estão preparadas para a chegada de novos
trabalhadores. Em várias capitais receia-se que a retirada de restrições à circulação
de trabalhadores do Leste possa levar á forte concorrência de mão-de-obra barata externa.
Curiosamente,
os factos não parecem corroborar tais apreensões. A 5 de Abril, o Parlamento Europeu
aprovou um relatório, elaborado pelo eurodeputado húngaro Csaba Öry, onde se refere
que os primeiros países a abrirem as fronteiras aos trabalhadores do Leste - Reino
Unido, Irlanda e Suécia - registaram benefícios económicos com essa decisão.
Por
outro lado, segundo o mesmo documento, os restantes 12 "antigos" Estados membros,
que mantiveram as restrições, não tiveram grande proveito, enquanto criavam novos
problemas para os seus mercados laborais. Entre estes problemas, incluem-se o aumento
do trabalho ilegal, maiores pressões salariais, condições injustas de trabalho e exploração
dos imigrantes.
Apesar deste tipo de constatações, alguns países ainda não
se mostram suficientemente convencidos e mantém as restrições. A Alemanha e a Áustria
manterão as barreiras aos trabalhadores do Leste ao longo de todo o período transitório.
A Bélgica e o Luxemburgo tencionam proceder a uma abertura selectiva, dirigida
a determinados sectores de actividade e certas áreas profissionais.
Na Holanda,
assistiu-se ao adiamento, até ao fim do ano, de uma decisão política sobre uma eventual
abertura. O Governo tenciona abrir o mercado mas ainda precisa da concordância do
Parlamento.
Na Itália, a quota para trabalhadores estrangeiros foi aumentada
de 85 mil para 170 mil mas, com a chegada ao poder do novo Governo de centro-esquerda,
chefiado pelo antigo presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, esta área de decisão
poderá sentir adaptações.
A Comissão Europeia tem insistido junto dos Estados
membros "antigos" para que abandonem as restrições laborais, alegando que o alargamento
ao Leste europeu nem conduziu à receada invasão de trabalhadores estrangeiros nem
ao aumento do desemprego nesses países, como muitos temiam.