2006-05-02 14:01:57

Dia do Trabalhador : desfiles e manifestações em todo o mundo, com em primeiro plano propostas para a solução dos problemas nacionais


Milhares de pessoas celebraram o Dia do Trabalhador na Europa com desfiles e manifestações e sem incidentes, com excepção da Turquia, onde 20 militantes de esquerda foram detidos em Istambul.

Na Alemanha, dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se em resposta aos apelos das organizações sindicais, que pretendem pressionar o governo, que deverá decidir importantes reformas sociais a curto prazo. Em França, depois da vitória do movimento contra o Contrato de Primeiro Emprego no mês passado, foram feitas várias manifestações contra o trabalho precário. Na Polónia, várias centenas de manifestantes desfilaram em Varsóvia para denunciar o desemprego e a “arrogância” da direita no poder. E em Itália, os ministros do governo cessante de Sílvio Berlusconi foram ridicularizados durante os desfiles para celebrar o Dia do Trabalhador. Na Grécia, vários milhares de pessoas manifestaram-se em Atenas, mas o dia foi marcado por greves no sector marítimo e nos transportes.

Na Ásia, onde foram proibidas pelas autoridades manifestações no Cambodja e anulados quaisquer desfiles no Sri Lanka por questões de segurança, dezenas de milhares de pessoas celebraram a tradicional festa do trabalho. No Cambodja, centenas de trabalhadores violaram a interdição de se manifestarem e desfilarem no centro de Phnom Pench respondendo a um apelo do líder da principal organização sindical. Os trabalhadores, pertencentes principalmente à indústria do vestuário e que exigem um aumento salarial bem como uma redução do horário de trabalho, tentaram avançar para o parlamento, mas foram impedidos de prosseguir pela polícia.

Na Tailândia, milhares de trabalhadores desfilaram até à sede do governo em Banguecoque e exigiram um aumento de 25 por cento do salário mínimo. No Sri Lanka, a violência voltou a marcar presença com a explosão de uma mina no nordeste da ilha, da qual resultaram cinco mortos. Os partidos políticos, que tradicionalmente reúnem dezenas de milhares de simpatizantes no 1.º de Maio, concordaram domingo na supressão dos desfiles por temerem novos atentados.

Na Indonésia – onde não é feriado nacional –, várias dezenas de milhares de pessoas reuniram-se nas principais cidades do arquipélago e na capital Jacarta em manifestação contra o projecto de lei laboral que consideram que pretende reduzir os seus direitos. Nas Filipinas, vários milhares de pessoas reuniram-se em Manila e reclamaram a partida da presidente Gloria Arroyo. A já fraca popularidade da presidente filipina ficou ainda mais frágil em Fevereiro último quando esta decidiu decretar o estado de emergência alegando uma tentativa de golpe de Estado. No Nepal, manifestantes voltaram ontem a encher as ruas de Katmandu depois de três semanas de protestos para a instauração de uma democracia, mas desta vez para reclamar a abolição de leis sociais impostas pelo impopular rei Gyanendra. Na China comunista, o 1.º de Maio foi marcado pelo já tradicional frenesim consumista no primeiro dia de uma semana de feriados. No Japão, onde o 1.º de Maio não é feriado, este foi celebrado no sábado com mais de 240 mil a denunciar a política liberal do primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi.


As ameaças de atentados em locais públicos impediram a realização de manifestações ontem, em Bagdad, para comemorar o Dia do Trabalhador, indicou o ministro do Interior iraquiano. Porém, o presidente iraquiano, Jalal Talabani, dirigiu-se aos trabalhadores iraquianos por ocasião Dia do Trabalhador, feriado nacional no país. “Os trabalhadores iraquianos, que no passado participaram na luta contra a ditadura e opressão, estão actualmente empenhados em construir um novo Iraque que garanta a todos a dignidade através do seu trabalho”, indicava a nota da presidência.

No primeiro dia de Maio de 2003, alguns milhares de militantes comunistas manifestaram-se em Bagdad para comemorar o Dia do Trabalhador, exprimindo a sua alegria por poderem, pela primeira vez, desfilar livremente na capital do Iraque desde a chegada ao poder do presidente Saddam Hussein, em 1979.

A União dos Sindicatos Palestinianos denunciou, no Dia do Trabalhador, as restrições impostas por Israel, que tem impedido milhares de trabalhadores de entrar e trabalhar no seu território. “Cerca de 85 mil palestinianos não podem entrar para trabalhar em Israel ou em Jerusalém”, afirmou Shaher Saed, líder da União de Sindicatos Palestinianos, durante uma manifestação na cidade cisjordana de Nablus.

O Dia do Trabalhador celebrou-se nos territórios palestinianos de forma modesta. A falta de motivação dos trabalhadores deve-se à situação de conflito na região, que deixou na pobreza mais de metade da população de Gaza e cerca de 40 por cento da Cisjordânia.

O boicote político e económico ao movimento islâmico Hamas, já provocou a bancarrota dos cofres públicos e obrigou o Governo da ANP a suspender os pagamentos aos trabalhadores. Também na Rússia se lembrou o Dia Mundial do trabalhador, com dezenas de milhares de pessoas a manifestarem-se em Moscovo, em resposta a apelos dos sindicatos pró-poder ou dos comunistas nostálgicos da URSS, sob forte vigilância policial.

As três centrais sindicais angolanas exigiram ontem ao governo, nas comemorações do Dia do Trabalhador, o combate à corrupção “a todos os níveis” e a actualização do salário mínimo nacional.

A declaração conjunta foi apresentada, em Luanda, numa manifestação que reuniu cerca de quatro mil pessoas, no Largo da Independência. O documento realça que “as três centrais sindicais estão seriamente preocupadas face à degradação permanente da vida social, económica e profissional dos trabalhadores e exigem do governo medidas de revisão do salário mínimo nacional”, que é, actualmente, o equivalente a 50 dólares (39.59 euros).

Relativamente à corrupção, as três centrais sindicais defendem o seu combate “a todos os níveis”, considerando que ela “nunca teria sido vista como o segundo maior problema em tempo de guerra se se registasse apenas na baixa esfera dos serviços públicos”. Neste aspecto, a declaração aludiu a declarações do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que considerou a corrupção o segundo maior problema do país depois da guerra.

Em Moçambique, as cerimónias centrais do Dia Internacional do Trabalhador foram marcadas pela queda de fortes chuvas na capital moçambicana, Maputo, reduzindo o nível de participação no habitual desfile. Perto de 20 mil trabalhadores eram esperados para participar nas comemorações do 1.º de Maio, para reclamar perante o governo os direitos laborais e sindicais já adquiridos e consagrados na actual Lei de Trabalho de Moçambique.

Os trabalhadores moçambicanos manifestaram a sua insatisfação pelo baixo nível do salário mínimo aplicado no país, exigindo ainda “justiça” na aplicação em breve de um novo salário, cujo valor será decidido hoje em conselho de ministros. O aumento do salário mínimo do país poderá variar entre os 11,9 por cento, propostos pelo executivo, e os 13 por cento, defendidos por sindicatos e empregadores. A reintrodução dos tribunais de trabalho e a revisão da legislação da segurança social foram outras preocupações apresentadas pelos funcionários moçambicanos, que exigiram que a pensão aos aposentados seja idêntica ao salário mínimo. Actualmente, aquele valor está abaixo de 60 por cento do salário mínimo nacional, o equivalente a 41 euros.

Numa mensagem alusiva à data, o presidente moçambicano, Armando Guebuza, apelou à dignificação do trabalho e do trabalhador moçambicano, “vencedores de causas justas”. Armando Guebuza apelou ainda ao combate contra a pobreza e o HIV/Sida.








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