2006-04-29 13:03:04

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa explica alterações no Santuário de Fátima


O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga, negou hoje qualquer polémica em torno dos novos Estatutos do Santuário de Fátima, aprovadas pela assembleia plenária da CEP esta semana.

“Desde o princípio, quando se pensou que seria necessário que o Santuário actualizasse os seus estatutos, foi declarado de forma inequívoca que não estamos na presença de nenhuma censura”, explicou aos jornalistas, no final dos trabalhos.

O comunicado final da assembleia refere que “o relevo religioso e a dimensão eclesial do Santuário exigiam um enquadramento pastoral e jurídico que espelhasse a realidade actual”. Os Estatutos definem a missão do Santuário no acolhimento aos peregrinos e na proposta de vivência da mensagem de Fátima, devendo agora, ser homologados pela Congregação do Clero. Posteriormente, esses estatutos serão tornados públicos.

O presidente da CEP aludiu à crescente importância dos Santuários e à “transformação da realidade de Fátima”, hoje com uma dimensão nacional e mundial. “O próprio Bispo de Leiria, como se sublinha, necessita não de ser substituído nem controlado, mas da ajuda desse Conselho Nacional, em termos pastorais – e sublinhamos essencialmente a parte pastoral – para que Fátima seja também modelo para as outras Dioceses”, precisou.

O modo como a co-responsabilidade da Conferência Episcopal Portuguesa se articula com a jurisdição ordinária do Bispo de Leiria-Fátima é estabelecido nos Estatutos através do “Conselho Nacional do Santuário de Fátima”, criado por Pio XII em 1958, o qual passa a ser constituído pelo Presidente da CEP, pelos três metropolitas portugueses (Patriarca de Lisboa, Arcebispo Primaz de Braga e Arcebispo de Évora) e pelo Bispo de Leiria-Fátima, tendo como assessor permanente o Reitor do Santuário.

Este Conselho colabora com o Bispo diocesano e o Reitor “em tudo o que possa contribuir para o bom funcionamento pastoral e administrativo do Santuário”. A CEP terá ainda um representante no Conselho de Pastoral e na Comissão de Gestão Económico-Financeira do Santuário.

D. Jorge Ortiga manifestou a convicção de que “a gestão do Santuário praticamente continuará na mesma”. Deu como exemplo a nomeação do Reitor, que será sempre da responsabilidade do Bispo de Leiria, com homologação da CEP.

“O Reitor do Santuário poderá, porventura, ser doutra diocese, mas não é aquilo que nós desejamos”, apontou.

O Conselho Nacional deverá reunir-se 2/3 vezes por ano, sem intenção de “substituir” seja quem for. “O Conselho vai reflectir sobre uma pastoral de conjunto, vai fazer propostas, vai enriquecer o trabalho que aqui se faz”, disse D. Jorge Ortiga.

Segundo o presidente da CEP, o compromisso dos Bispos ao dar ao Santuário de Fátima o carácter de Santuário Nacional é “co-responsabilizarmo-nos para que este possa ser aquilo que se dizia antigamente, o altar do mundo”.

A suposta crise entre a Santa Sé, o Santuário de Fátima e a CEP por causa de uma série de acções de carácter inter-confessional que teriam, alegadamente, desagradado ao Vaticano, foi comentada por D. Carlos Azevedo, secretário da CEP. O episódio com a comunidade hindu foi desvalorizado, explicando que “não houve nenhuma celebração” e lamentando que muitas reacções tenham partido “dum equívoco”.

D. Jorge Ortiga frisou que, se as mudanças tivessem a ver com “a defesa da ortodoxia”, o próprio Bispo de Leiria-Fátima “seria capaz de o fazer”.

“Tomar conta do Santuário de Fátima foi uma coisa que nunca nos passou pela cabeça”, assegurou.








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