Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa explica alterações no Santuário de
Fátima
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga, negou hoje
qualquer polémica em torno dos novos Estatutos do Santuário de Fátima, aprovadas pela
assembleia plenária da CEP esta semana.
“Desde o princípio, quando se pensou
que seria necessário que o Santuário actualizasse os seus estatutos, foi declarado
de forma inequívoca que não estamos na presença de nenhuma censura”, explicou aos
jornalistas, no final dos trabalhos.
O comunicado final da assembleia refere
que “o relevo religioso e a dimensão eclesial do Santuário exigiam um enquadramento
pastoral e jurídico que espelhasse a realidade actual”. Os Estatutos definem a missão
do Santuário no acolhimento aos peregrinos e na proposta de vivência da mensagem de
Fátima, devendo agora, ser homologados pela Congregação do Clero. Posteriormente,
esses estatutos serão tornados públicos.
O presidente da CEP aludiu à crescente
importância dos Santuários e à “transformação da realidade de Fátima”, hoje com uma
dimensão nacional e mundial. “O próprio Bispo de Leiria, como se sublinha, necessita
não de ser substituído nem controlado, mas da ajuda desse Conselho Nacional, em termos
pastorais – e sublinhamos essencialmente a parte pastoral – para que Fátima seja também
modelo para as outras Dioceses”, precisou.
O modo como a co-responsabilidade
da Conferência Episcopal Portuguesa se articula com a jurisdição ordinária do Bispo
de Leiria-Fátima é estabelecido nos Estatutos através do “Conselho Nacional do Santuário
de Fátima”, criado por Pio XII em 1958, o qual passa a ser constituído pelo Presidente
da CEP, pelos três metropolitas portugueses (Patriarca de Lisboa, Arcebispo Primaz
de Braga e Arcebispo de Évora) e pelo Bispo de Leiria-Fátima, tendo como assessor
permanente o Reitor do Santuário.
Este Conselho colabora com o Bispo diocesano
e o Reitor “em tudo o que possa contribuir para o bom funcionamento pastoral e administrativo
do Santuário”. A CEP terá ainda um representante no Conselho de Pastoral e na Comissão
de Gestão Económico-Financeira do Santuário.
D. Jorge Ortiga manifestou a convicção
de que “a gestão do Santuário praticamente continuará na mesma”. Deu como exemplo
a nomeação do Reitor, que será sempre da responsabilidade do Bispo de Leiria, com
homologação da CEP.
“O Reitor do Santuário poderá, porventura, ser doutra diocese,
mas não é aquilo que nós desejamos”, apontou.
O Conselho Nacional deverá reunir-se
2/3 vezes por ano, sem intenção de “substituir” seja quem for. “O Conselho vai reflectir
sobre uma pastoral de conjunto, vai fazer propostas, vai enriquecer o trabalho que
aqui se faz”, disse D. Jorge Ortiga.
Segundo o presidente da CEP, o compromisso
dos Bispos ao dar ao Santuário de Fátima o carácter de Santuário Nacional é “co-responsabilizarmo-nos
para que este possa ser aquilo que se dizia antigamente, o altar do mundo”.
A
suposta crise entre a Santa Sé, o Santuário de Fátima e a CEP por causa de uma série
de acções de carácter inter-confessional que teriam, alegadamente, desagradado ao
Vaticano, foi comentada por D. Carlos Azevedo, secretário da CEP. O episódio com a
comunidade hindu foi desvalorizado, explicando que “não houve nenhuma celebração”
e lamentando que muitas reacções tenham partido “dum equívoco”.
D. Jorge Ortiga
frisou que, se as mudanças tivessem a ver com “a defesa da ortodoxia”, o próprio Bispo
de Leiria-Fátima “seria capaz de o fazer”.
“Tomar conta do Santuário de Fátima
foi uma coisa que nunca nos passou pela cabeça”, assegurou.