Novo documento dos Bispos portugueses sublinha valor da Disciplina para a formação
da personalidade
A Conferência Episcopal Portuguesa aprovou, na sua última assembleia plenária, o documento
“Educação Moral e Religiosa Católica: um valioso contributo para a formação da personalidade”.
Nele se estabelecem as bases para a renovação de programas, de metodologias e manuais,
considerando “as rápidas mudanças no sistema educativo”.
Os Bispos sublinham
ontem o “alcance cultural” e o “claro valor educativo” da Disciplina que, lembram,
“interessa à escola e, designadamente, à escola estatal”. O ensino religioso está
legalmente garantido no nosso país desde 1940. O texto da Concordata entre a Santa
Sé e a República Portuguesa, de 18 de Maio de 2004, que entrou em vigor em 18 de Dezembro
desse ano, garante “no âmbito da liberdade religiosa e do dever de o Estado cooperar
com os pais na educação dos filhos, as condições necessárias para assegurar, nos termos
do direito português, o ensino da religião e moral católicas nos estabelecimentos
de ensino público não superior, sem qualquer forma de discriminação”. Actualmente,
a disciplina de EMRC tem um carácter facultativo e abrange os ensinos básico e secundário
(do 1º ao 12º ano de escolaridade).
A Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC)
“é lugar privilegiado de desenvolvimento harmonioso do aluno, considerado como pessoa,
na integridade das dimensões corporal e espiritual, e da abertura à transcendência,
aos outros e ao mundo que é chamado a construir”, considera a CEP.
O mesmo
documento define o lugar desta disciplina escolar na informação e formação cultural
do ensino e como serviço à “formação global dos alunos”. Numa altura em que “há na
sociedade e na escola uma crescente necessidade de valores hierarquizados, que pautem
a vida, e uma procura de transcendência e de religiosidade, sem os quais a vida perde
horizontes”, a EMRC “desenvolve um trabalho importante e está significativamente implantada
em todos os tipos de escolas”, salientam os bispos.
A CEP critica algumas
“resistências do sistema de ensino à leccionação” da disciplina, como o “indiferentismo
ou hostilidade, dificuldades na definição de horários e tentativas de diluição da
natureza curricular desta disciplina”.
O documento caracteriza o professor
de EMRC e as finalidades a alcançar por esta matéria curricular, advogando uma “pedagogia
cooperativa”, de participação e pesquisa, de metodologia de projecto e de inter-disciplinaridade
com o rigor científico das outras disciplinas.
Para os Bispos, há uma série
de “grandes finalidades” que os alunos de EMRC devem alcançar, como “apreender a dimensão
cultural do fenómeno religioso e do cristianismo, em particular” e “conhecer o conteúdo
da mensagem cristã e identificar os valores evangélicos”, entre outras.
Assim,
a CEP lembra que a EMRC tem uma natureza diferente da Catequese, quanto às finalidades,
aos destinatários e aos conteúdos.
“A EMRC tem em vista a formação global do
aluno, que permita o reconhecimento da sua identidade e, progressivamente, a construção
um projecto pessoal de vida. Promove-a a partir do diálogo da cultura e dos saberes
adquiridos nas outras disciplinas com a mensagem e os valores cristãos enraizados
na tradição cultural portuguesa”, apontam os Bispos portugueses.