Numa mensagem á Congregação para as causas dos Santos, Bento XVI defende o valor da
santidade na Igreja,e nas causas dos santos,convida a procurar as provas e a verdade
historica.
Bento XVI defendeu esta quinta feira o valor da santidade da Igreja, lembrando que
desde os primeiros tempos, sempre houve uma grande consideração pela memória e o culto
dos Santos. Citando a sua primeira encíclica, o Papa disse que estes “são os verdadeiros
portadores de luz dentro da história, porque são homens e mulheres de fé, esperança
e caridade”.
Numa mensagem dirigida ao prefeito da Congregação das Causas dos
Santos, Cardeal D. José Saraiva Martins, e aos participantes da sessão plenária da
Congregação, o Papa manifesta o seu apreço pelo trabalho do Dicastério, manifestando
sentimentos de “gratidão” pelo serviço que presta à Igreja.
“As Causas dos
Santos, de facto, são consideradas ‘causas maiores’, seja pela nobreza da matéria
tratada, seja pela sua incidência na vida do Povo de Deus”, explicou.
O texto
precisa, por outro lado, quais os motivos que levaram Bento XVI a aprovar os novos
procedimentos nos ritos de beatificação (29 de Setembro de 2005). “Eleito para a Cátedra
de Pedro, de bom grado dei execução ao difundido desejo de que fosse mais sublinhada,
nas modalidades celebrativas, a diferença substancial entre a beatificação e a canonização
e que nos ritos de beatificação fossem envolvidas mais visivelmente as Igrejas particulares,
permanecendo claro que só ao Romano Pontífice compete conceder o culto a um Servo
de Deus”, pode ler-se.
Procedimentos precisos
Bento XVI referiu
que, ao longo dos séculos, a Igreja deu uma atenção cada vez maior aos procedimentos
que levam os Servos de Deus “às honras dos altares”. Nesse sentido, lembrou que “não
se poderá iniciar uma Causa de beatificação e canonização se faltar uma comprovada
fama de santidade, mesmo se nos encontrarmos na presença de pessoas que se distinguiram
pela coerência evangélica e por particulares benemerências eclesiais e sociais”.
O
Papa, que apontou várias das matérias relativas à idoneidade dos candidatos à santidade,
exortou a Congregação a “salvaguardar a seriedade das investigações que se desenvolvem
nos inquéritos diocesanos sobre as virtudes dos Servos de Deus”. Citando a “Instrução
para o desenvolvimento do inquérito diocesano nas Causas dos Santos”, Bento XVI falou
sobre eventuais milagres ou casos de martírio, para pedir que sejam também avaliadas
“uma sólida e difundida fama de santidade e de milagres ou martírio”.
Relativamente
aos milagres, o Papa recordou que a “práxis ininterrupta da Igreja estabelece a necessidade
de um milagre físico, não bastando um milagre moral”, pelo que convida a “aprofundar
este tema à luz da tradição da Igreja, da teologia hodierna e das aquisições mais
acreditadas da ciência”.
Já quanto ao martírio, Bento XVI notou que “mesmo
que o motivo que leva ao martírio permaneça o mesmo, mudaram, pelo contrário, os contextos
culturais e as estratégias” de quem persegue os cristãos, admitindo que a aversão
à fé é dissimulada, muitas vezes, com “razões de natureza política ou social”. Por
isso, é preciso encontrar “provas inconfutáveis”, não só sobre a vítima, mas também
sobre o odium fidei.