CORRUPÇÃO E GANÂNCIA DEVASTAM O MUNDO, AFIRMA BENTO XVI
Cidade do Vaticano, 09 abr (RV) - Pobreza, paz e universalidade foram os temas
centrais da mensagem do Papa aos fiéis de todo o mundo e aos homens de boa vontade,
neste Domingo de Ramos, XXI Dia Mundial da Juventude, celebrado em nível diocesano.
Bento XVI recordou a chegada de Jesus a Jerusalém, sublinhando o mistério da cruz
e convidando a jamais combater a violência com outra violência.
Em sua homilia
da santa missa deste Domingo de Ramos, Bento XVI advertiu que a corrupção e a ganância
devastam o mundo, "um mundo _ enfatizou _ lacerado e atormentado pela violência".
"Cada
vez que fazemos o sinal da cruz _ disse o Santo Padre _ devemos nos recordar que não
se pode combater a injustiça com outra injustiça; devemos nos recordar que somente
com o bem podemos vencer o mal, e jamais revidando com o mal."
A santa missa
do Domingo de Ramos foi celebrada na Praça São Pedro, inundada de sol e repleta de
milhares de fiéis e peregrinos, sobretudo jovens, que participaram do XXI Dia Mundial
da Juventude. Ao término da celebração eucarística, Bento XVI abençoou a grande Cruz
dos DMJs, vinda de Colônia e a caminho de Sydney, na Austrália, onde se celebrará
o Dia Mundial da Juventude de 2008.
A cerimônia começou com a Procissão dos
Ramos, que percorreu a Praça desde o obelisco central até o altar-mor.
Entre
ramos de palmeiras e de oliveiras, o Papa Ratzinger presidiu seu primeiro rito da
Semana Santa como Pontífice. Além disso, narrou a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém
e a Paixão de Cristo.
Após ressaltar que há 20 anos, "graças a João Paulo II",
o Domingo de Ramos se tornou o Dia Mundial da Juventude _ efetivamente, foi o Papa
Wojtyla que instituiu o Dia Mundial da Juventude, em 1984 _ Bento XVI afirmou que
a cruz deve ser "um instrumento de paz e de reconciliação entre os povos".
A
seguir, analisou a chegada de Jesus a Jerusalém, não numa luxuosa carroça nem a cavalo
"como os grandes do mundo", mas sobre o lombo de um jumento, o animal dos camponeses,
que lhe fora emprestado. Essa chegada de Jesus a Jerusalém, montado num jumento _
disse o Papa _ nos mostra que o Filho de Deus quis ser "rei dos pobres, um pobre entre
os pobres e para os pobres". A entrada de Jesus em Jerusalém foi o cumprimento da
profecia do profeta Zacarias, mas somente mais tarde, seus discípulos compreenderam
isso.
O Bispo de Roma lembrou que pobreza se entende como humildade, liberdade
interior, nada de ganância e menos desejos de poder. A pobreza é a disponibilidade
interior, explicou o Papa, argumentando que "é possível ser materialmente pobre, mas
ter o coração cheio de afã de riqueza e do poder que dela deriva".
"A liberdade
interior é a premissa para que se possa superar a corrupção e a ganância que estão
devastando o mundo" _ afirmou Bento XVI, esclarecendo que essa liberdade só pode ser
encontrada em Deus, que é a riqueza do homem.
O Papa Ratzinger disse ainda,
que a chegada de Jesus a Jerusalém demonstra que Ele será um rei de paz, "que fará
desaparecer a guerra e os cavalos, destruirá os arcos e anunciará a paz".
"A
cruz é o arco-íris de Deus, que une o céu e a terra, a ponte sobre os abismos que
une os continentes. É a arma que Jesus põe nas mãos do homem" _ disse Bento XVI.
No
contexto de uma homilia em que a cruz despontou como protagonista, o Papa falou que
a pobreza, a paz e a universalidade estão resumidas nela (na cruz), "que não é o símbolo
da negação da vida, como dizem alguns".
O Santo Padre também ressaltou que
houve uma época, "ainda não inteiramente superada", em que o Cristianismo era rejeitado
devido à cruz. "Dizia-se que a cruz falava de sacrifício, que era sinal de negação
da vida (...). No entanto, a cruz, é a verdadeira árvore da vida, é amor, é entrega
de si próprio" _ garantiu.
No final da cerimônia, um grupo de jovens alemães
de Colônia, onde se realizou o XX Dia Mundial da Juventude, entregou a Cruz dos DMJs
_ que foi abençoada pelo Papa _ aos jovens de Sydney, a cidade australiana que hospedará
o DMJ de 2008.
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No Angelus, recitado logo após o término
da celebração eucarística, Bento XVI retomou o tema da Cruz, recordando _ na presença
dos Cardeais Joachim Meisner e George Pell, respectivamente Arcebispos de Colônia
e Sydney _ que a Cruz que passa dos jovens a outros jovens, é "a Cruz que o saudoso
Papa João Paulo II havia confiado aos jovens, em 1984, ano em que instituiu o Dia
Mundial da Juventude, para que eles a levassem pelo mundo afora, como símbolo do amor
de Cristo pela humanidade".
Após a oração mariana, Bento XVI saudou os jovens
presentes, falando-lhes em suas línguas. Eis sua saudação aos jovens de língua portuguesa...
"Saúdo com grande afeto os jovens de língua portuguesa aqui presentes. Convido
a todos a aclamar a Cristo, luz e vida dos homens, e a escutar com viva admiração
suas palavras de paz e de reconciliação: “Tende confiança, eu venci o mundo”. Até
Sydney, se Deus quiser!" (AF)