NO REFLEXO DA CRUZ VEMOS OS SOFRIMENTOS DA HUMANIDADE
Cidade do Vaticano, 15 abr (RV) - No reflexo da Cruz vemos todos os sofrimentos
da humanidade de hoje. Assim se expressou Bento XVI, ontem à noite, no Coliseu de
Roma, ao término da primeira Via-sacra de seu pontificado. Sessenta e duas redes de
televisão de 42 países estiveram em cadeia para a transmissão do evento. O Papa carregou
a cruz na primeira e na última estação.
A Via-sacra não é uma coisa do passado,
disse o Santo Padre. As meditações da piedosa prática, escritas pelo Vigário-geral
do Papa para a Cidade do Vaticano, Dom Angelo Comastri, tocaram as interrogações do
homem em sua relação com Deus, os males da sociedade de hoje, e a incapacidade de
ver o pecado.
Em suas reflexões, Dom Comastri destacou que, ao percorrermos
o caminho da Cruz, nós vamos ao encontro de duas certezas: a certeza do poder devastador
do pecado e a certeza do poder regenerativo do amor de Deus. Ao entrar na nossa história,
devastada pelo pecado, Jesus deixou-se agredir pelo peso e pela violência das nossas
culpas.
Por isso, ao contemplarmos Jesus, vemos, claramente, quão devastador
é o pecado e quão doentia é a família humana!
O autor das reflexões da Via-sacra,
explicou que "da Cruz de Jesus nascem a santidade das grandes figuras da Igreja e
o poder que cura os males do mundo de hoje". Um dos temas centrais do texto de Dom
Comastri para a Via-sacra foi "a perda do sentido do pecado e suas dramáticas conseqüências
para a humanidade".
Na primeira Via-sacra como Sucessor de Pedro, o Papa Ratzinger
que, ano passado, a pedido de João Paulo II, foi o autor das meditações das estações,
carregou a Cruz no início e no final do rito sagrado.
Ao término das 14 estações,
o Santo Padre dirigiu algumas palavras aos fiéis e peregrinos presentes, recordando
que, com o rito sagrado, acompanhamos Jesus, precisamente no lugar onde muitos mártires
sofreram e deram suas vidas por Cristo. Através deles, o Senhor sofreu e sofre novamente.
"No
espelho da Cruz _ disse o Santo Padre _ se refletem todos os sofrimentos da humanidade
de ontem e de hoje. Na Cruz de Cristo, hoje, vemos o sofrimento das crianças abandonadas
e vítimas de abusos; vemos as ameaças contra a família, a divisão do mundo entre a
soberba dos ricos e a pobreza de tantos que sofrem de fome e de sede”.
Mas,
na Cruz, disse ainda o Pontífice, vemos também a Mãe de Jesus, as piedosas mulheres,
Simão Cirineu, africano; vemos São Paulo Apóstolo, Santo Agostinho, São Francisco
de Assis, São Vicente de Paulo, São Maximiliano Kolbe, Madre Teresa de Calcutá. Enfim,
vemos o nosso lugar.
E assim compreendemos _ afirmou o Bispo de Roma _ que
a Via-sacra não representa só o que é obscuro e triste no mundo, nem tampouco um moralismo
ineficiente e um grito de protesto, que não muda nada.
Bento XVI concluiu,
exortando os presentes a pedirem ao Senhor, que nos contagie com sua misericórdia;
a pedirem à Santa Mãe de Deus, Mãe da divina misericórdia, para que possamos ser homens
e mulheres misericordiosos, a fim de contribuirmos para a salvação do mundo. (MT-RL)