Uma Páscoa feliz com Cristo Ressuscitado!”: os votos pascais de Bento XVI, em português,
no final da sua primeira Mensagem "Urbi et Orbi".
“Não ficou no sepulcro o Filho de Deus, porque Ele não podia ficar prisioneiro da
morte, ele que é a nascente da própria vida” – proclamou o Papa com voz vigorosa.
“Ele levou ao pleno cumprimento a obra da criação, elevando o homem e todo o cosmos
à liberdade da glória dos filhos de Deus. Como expressão da boa-nova pascal, o
Papa fez votos de que os tantos focos de guerra, sofrimento e morte, existentes no
mundo, dêem lugar à paz, à vida e à solidariedade. “(O Filho de Deus) peregrinou
pela terra dos homens, terminou o seu camino no sepulcro, como todos, mas venceu a
morte e de modo absolutamente novo, por um acto de puro amor, abriu a terra de par
em par em direcção ao Céu. / Graças ao Baptismo, a sua ressurreição – que nos ‘incorpora’
n’Ele - torna-se a nossa ressurreição”. “Também hoje em dia, nesta nossa época
marcada pela inquietação e pela incerteza, revivemos o acontecimento da ressurreição
que alterou a face da nossa vida, transformou a história da humanidade. De Cristo
ressuscitado aguardam esperança, por vezes até mesmo de modo inconsciente, quantos
se encontram ainda oprimidos pelas cadeias do sofrimento e da morte”. Iniciando
então uma breve ronda de horizonte através do mundo, Bento XVI começou por se referir
ao continente africano: “Que o Espírito do Ressuscitado leve alívio e segurança,
em África, às populações do Darfur, que se encontram numa situação humanitária dramática
insuportável; à região dos Grande Lagos, onde continuam ainda abertas muitas feridas;
aos diferentes povos da África, que aspiram à reconciliação, à justiça e ao desenvolvimento.” Relativamente
ao Iraque, o Papa fez votos de que, “sobre a trágica violência que continua a ceifar
vítimas, prevaleça finalmente a paz”. “Exprimo também os mais vivos votos de paz
para os que estão envolvidos no conflito da Terra Santa, convidando todos a um diálogo
paciente e perseverante que remova os antigos e novos obstáculos , evitando as tentações
da represália e educando as novas gerações a um respeito recíproco. Que a comunidade
internacional, que reafirma o justo direito de Israel de existir em paz” – acrescentou
ainda Bento XVI – ajude o povo palestiniano a superar as precárias condições de vida
em que se encontra e a construir o seu futuro, avançando no sentido da constituição
de um autêntico Estado”. Passando à América Latina, o Papa exprimiu o desejo
de que “o Espírito do Ressuscitado suscite um renovado dinamismo no empenho”, “para
que melhorem as condições de vida de milhões de cidadãos e se extirpe a execranda
praga dos sequestros de pessoas, consolidando as instituições democráticas, em espírito
de concórdia e de solidariedade concreta”. Finalmente, uma alusão às “crises internacionais
ligadas à energia nuclear, Bento XVI pediu que “se chegue a um acordo honroso para
todos, através de negociações sérias e leais”. “Que se reforce nos responsáveis
das Nações e das Organizações Internacionais a vontade de promover uma convivência
pacífica entre etnias, culturas e religiões, afastando a ameaça do terrorismo. / Que
o Senhor ressuscitado faça sentir por toda a parte a sua força de vida, de paz e de
liberdade… Jesus ressucitou e dá-nos a paz. Ele mesmo é a paz. É por isso que a Igreja
repete com vigor: “Cristo ressuscitou!”. Não tema a humanidade do terceiro milénio
abrir-Lhe o coração. O seu Evangelho corresponda plenamente à sede de paz e de felicidade
que habita em cada coração humano. Cristo está vivo e caminha connosco. Imenso mistério
de amor”. Como o seu predecessor JOão Paulo II, também Bento XVI formulou os bons
votos de Páscoa em dezenas de linguas, incluindo o português.