O primeiro ano de Pontificado de Bento XVI na opinião do Arcebispo de Évora
Quando, há um ano, o Papa Bento XVI iniciou o seu ministério, tornou-se clara, através
das palavras proferidas na primeira mensagem, a sua firme determinação de consagrar-se
“à acção evangelizadora no mundo contemporâneo”.
No pensamento do até então
Cardeal Josef Ratzinger, este “serviço da Igreja e da unidade da fé”, no novo ciclo
da longa história dos Papas, deve conjugar dois aspectos essenciais: por um lado,
a atenção às circunstâncias sempre renovadas e aos novos desafios da vida humana,
e, por outro, a fidelidade às grandes linhas, traçados pelo Concílio Vaticano II e,
mais recentemente, aprofundadas pelo Papa João Paulo II.
Podemos já realçar
alguns factos e iniciativas que confirmam a orientação anunciada. São eles: o encerramento
do Ano Eucarístico e a Jornada Mundial da Juventude em Colónia, a que se devem associar
os encontros com os líderes das comunidades judaica e muçulmana, os diálogos com expoentes
do mundo cultura e a presença nos debates sobre temas candentes, como a vida, a paz,
a liberdade, a fé, a religião, a família.
É justo destacar na personalidade
e no modo de agir do novo Papa a forma simples, muito humana e fraterna como se relaciona
com as pessoas, a começar pelas crianças e os jovens. Uma nota tanto mais de realçar,
quanto estamos perante um notável teólogo, homem de cultura e de pensamento, que certas
áreas da comunicação social apresentaram, durante anos, como duro e frio, certamente
devido às funções que exercia
como Prefeito da Congregação da Doutrina da
Fé.
Em toda esta actividade multifacetada, tem-se evidenciado, acima de tudo,
a imagem dum Papa como mestre da fé. Bento XVI revela-se um mestre, um educador, um
catequista, um professor. Possui o carisma de tratar os temas mais elevados com extraordinária
clareza e simplicidade, e numa linguagem que todos entendem. Sem perder coragem e
firmeza.
Acontecimento central do seu magistério, neste primeiro ano é, sem
dúvida, a encíclica “Deus Charitas Est”. Estamos perante uma mensagem de flagrante
actualidade, se tivermos em conta o clima de insegurança, de violência, de ódio e
de terrorismo em que se vive.
A encíclica constitui uma pedra fundamental na
construção duma nova ordem, duma nova civilização, assente no amor, no seu sentido
mais profundo e autêntico, e no respeito pela pessoa humana, que tem em Deus-Amor
a sua origem e o seu fim.