CARDEAL HAMAO FAZ CRÍTICAS ÀS ESTRUTURAS DA CÚRIA ROMANA
Cidade do Vaticano, 08 abr (RV) - O Cardeal japonês, Stephen Fumio Hamao, Presidente
emérito do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, que
renunciou ao cargo recentemente, por motivos de idade, se sente "agora livre para
poder falar", inclusive para fazer algumas críticas à Cúria romana.
Segundo
o purpurado, a Cúria é eurocêntrica, com escasso reconhecimento da Igreja na África
e na Ásia, fato que impede, a seu ver, uma efetiva representatividade dessas áreas
geográficas no governo central da Igreja. "A Ásia está muito distante daqui, não geograficamente,
mas moralmente" _ disse o Cardeal Hamao.
Em Roma _ acrescentou o Cardeal _
"subsiste uma substancial dificuldade de compreender" a Igreja asiática, sobretudo
o modo como os bispos asiáticos afrontam o diálogo inter-religioso". "Mas para quem
vive dentro daquela realidade multiforme _ disse o purpurado numa entrevista _ é óbvio
que se deve "proclamar o Evangelho de Jesus Cristo nosso Salvador, de modo gradual,
não de uma vez; se dizemos de início que Cristo é o único Salvador não poderemos entrar
em diálogo" com os xintoístas ou budistas _ ponderou.
A pouca consideração,
tanto pela Igreja africana como pela Igreja asiática, por parte da Cúria romana, se
deve ao fato que "se considera essas igrejas como crianças, imaturas em termos de
Cristianismo".
"Talvez se pense que sejam Igrejas muito jovens e, contrariamente,
se julgue a Igreja européia como única madura (e talvez agora também a Igreja latino-americana).
Esta é a minha impressão" _ prosseguiu o Cardeal Hamao, realçando a pouca representatividade
dos purpurados asiáticos e africanos no contexto do Sacro Colégio Cardinalício ("100
dos 193 cardeais são europeus, e 60 eleitores dos 120 são europeus").
Para
o Cardeal Hamao essa composição não reflete o espírito universal da Igreja. (MZ)