"Não se pode sacrificar o ser humano aos sucessos da ciência e da técnica": adverte
o Papa, ao receber universitários da Europa
Recebendo, sábado, os participantes do Seminário de Estudos promovido pela Congregação
para a Educação Católica sobrea herança cultural das Universidades Europeias, Bento
XVI centrou a sua reflexão sobre a “questão antropológica” que “para nós, herdeiros
da tradição humanística assente nos valores cristãos, há que enfrentar à luz dos princípios
inspiradores da nossa civilização, que encontraram nas Universidades europeias autênticos
laboratórios de investigação e aprofundamento”. Bento XVI entrevê aqui um grande
desafio cultural: “clarificar qual é a concepção do homem que está na base de novos
projectos”. “Uma pessoa pergunta-se qual é a relação entre a pessoa humana, a ciência
e a técnica. Se no século XIX e no século XX a técnica conheceu um crescimento impressionante,
no início do século XXI deram-se ulteriores passos: o grande desenvolvimento tecnológico,
graças à informática, tomou a seu cargo uma parte das nossas actividades mentais,
com consequências que envolvem o nosso modo de pensar e podem condicionar a nossa
própria liberdade”. Perante uma Europa empenhada na “redescoberta da sua identidade,
que não é só de ordem económica e política, o Papa entrevê um papel crucial para o
mundo académico: na situação actual, as Universidades não se podem limitar a instruir,
mas devem empenhar-se também em desenvolver um atento papel educativo ao serviço das
novas gerações, afazendo apelo ao património de valores que marcaram os milénios passados”.
“A Universidade poderá assim ajudar a Europa a conservar a sua alma, revitalizando
aquelas raízes cristãs que lhe deram origem”.