TRIBUNAL DE CABINDA DEU INÍCIO HOJE AO JULGAMENTO POR AGRESSÃO AO BISPO
Luanda, 30 mar (RV) - O Tribunal Provincial de Cabinda iniciou, nesta quinta-feira,
o julgamento de 15 pessoas, entre as quais os padres Casimiro Congo e Raul Tati, supostamente
envolvidas na agressão contra o Administrador Apostólico da Diocese, Dom Eugenio Dal
Corso, ocorrida em julho de 2005.
A agressão ao Bispo foi o ápice da contestação
da comunidade católica local contra a nomeação de Dom Filomeno do Nascimento Vieira
Dias para o governo da Diocese. A comunidade católica do enclave, que não questiona
as qualidades do Bispo nomeado, rejeita que o titular da Diocese seja alguém que não
tenha nascido no enclave.
Essa contestação deu origem, nos meses seguintes
à nomeação, a uma série de incidentes com os responsáveis pela hierarquia da Igreja
Católica que se deslocaram a Cabinda, para tentar resolver o impasse.
Os incidentes
culminaram em fins de julho, com uma agressão a Dom Eugenio Dal Corso, Administrador
Apostólico da Diocese, que foi impedido de celebrar a santa missa na Paróquia da Imaculada
Conceição. Em seguida a essa agressão, ocorrida na sacristia da igreja, o Núncio Apostólico
em Angola decidiu fechar a igreja e suspender alguns membros do clero local.
Como
resposta, os sacerdotes decidiram suspender a celebração das missas no território,
situação que se manteve até ao início de dezembro, quando foi alcançado um acordo,
permitindo reabrir as igrejas do enclave para a celebração das missas.
No final
da assembléia anual da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST),
na semana passada, Dom Eugenio Dal Corso, em nome do Episcopado, afirmou que a turbulência
gerada com o fechamento das igrejas, foi ultrapassada e a vida religiosa se desenvolve
normalmente, em 90% da Diocese.
Por sua vez, Pe. Casimiro Congo, disse que,
há dois meses, Dom Dal Corso não vai a Cabinda, acrescentando que as igrejas estão
às moscas, nenhum fiel aparece.
O sacerdote disse ainda, que as pessoas preferem
rezar nas capelas da periferia, porque contestam os padres, que dizem ser do regime.
A situação atual da Igreja Católica em Cabinda, segundo Pe. Casimiro é de total confusão.
Para ele, há uma divisão total: de um lado, os padres pró-governamentais, e do outro,
os antigovernamentais, que não são ouvidos nem pela Conferência Episcopal, nem pelo
governo, afirmou. (MZ)