A Igreja Católica na Terra Santa está a seguir com atenção os desenvolvimentos políticos
em Israel, após a vitória do partido Kadima nas legislativas de terça-feira, obtendo
28 dos 120 lugares no Knesset (Parlamento). Ehud Olmert já proclamou a vitória e declarou-se
pronto a concessões territoriais que permitam a existência, lado a lado e em paz,
de um estado palestiniano e de um estado israelita.
Para o Custódio Franciscano
da Terra Santa, Pe. Pierbattista Pizzaballa, os resultados – que relegaram o Likud
para o quinto lugar – mostraram que “os analistas subavaliaram a situação interna
de Israel para dar mais peso ao conflito com os palestinianos”, em especial após a
vitória do Hamas. Em declarações à agência italiana Sir, o religioso aponta que será
difícil formar uma coligação, “considerando uma certa litigiosidade dos partidos”.
No
Knesset estarão, pela primeira vez, três parlamentares católicos ao mesmo tempo. Para
o Bispo de Nazaré, D. Giacinto Boulos Marcuzzo, este resultado “é um fruto do caminho
começado há anos pelo sínodo diocesano conduzido pelo Patriarca Sabbah, no qual foi
dada grande importância ao compromisso político e de cidadania dos católicos na sociedade”.
O
Pe. David Jaeger, especialista em questões políticas da Terra Santa, espera que o
Kadima “não prescinda do diálogo” para obter a paz, evitando estratégias unilaterais.
O Pe. Pizzaballa, por seu lado, defende que israelitas e palestinianos podem “manter-se
firmes nas suas posições” sem, por isso, “deixarem de se falar”.
A Santa Sé,
através da Congregação para as Igrejas Orientais, manifestou recentemente a sua preocupação
pelo conflito que atinge esta região. “A Terra do Senhor, com efeito, continua a ser
o cenário de um conflito que se prolonga há decénios e que priva as comunidades e
as instituições católicas dos meios adequados para a manutenção e a promoção das actividades
religiosas, humanitárias e culturais”, refere o Dicastério na carta que enviou aos
Bispos de todo o mundo, convidando as dioceses a ajudar as comunidades cristãs da
Terra Santa, que vivem num clima de conflito quase permanente.